Barragem rompida na região da Chapada Diamantina, na Bahia. Foto: Reprodução
ENQUANTO O PRESIDENTE BOLSONARO CURTE FÉRIAS EM SANTA CATARINA, BAHIA ENFRENTA ESTADO DE CALAMIDADE
Chuvas intensas na Bahia agrava situação das barragens no estado e evidenciam descaso do governo federal com as vítimas das enchentes
Por Gabrielle Sodré, de Coribé (BA), Coordenação Nacional dos Atingidos por Barragens (MAB)
A população do estado da Bahia está sofrendo com o alto volume de chuvas e o rompimento de várias barragens.
Os moradores ribeirinhos de áreas rurais e urbanas estão entre as maiores vítimas, sofrendo todos os tipos de consequências na região.
O intenso volume de chuvas que atinge em especial as regiões sul e extremo sul do estado da Bahia, deixam um rastro de destruição e calamidade nos municípios atingidos.
Segundo as medições das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado de chuvas de dezembro é o maior há, pelo menos 15 anos, em algumas regiões do estado, sendo que em determinados municípios o volume de chuvas foi 50% acima da média histórica do mês.
A chuva em excesso, a falta de um plano para socorro adequado em situação de desastres, barragens inseguras e mal fiscalizadas em propriedades particulares, aliada a falta de infraestrutura para lidar com grande volume de chuvas, caracterizam o cenário atual do estado.
Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), até a noite de 28, contabilizavam-se 136 municípios baianos atingidos, 21 mortes, um número de desabrigados de 34.163 e 42.929 desalojados.
Em declaração, o coronel Adson Marchesin, comandante-geral do Corpo de Bombeiros da Bahia, informa que ao menos dez barragens estão em nível crítico de água, e destaca que as estruturas que já se romperam são construções em propriedades privadas.
O fato é que o quadro se repete ano após ano e o povo é a grande vítima, são as populações ribeirinhas que mais sofrem com o rompimento de barragens e cheias acima do normal.
É resultado e consequência da atual política nacional de construção de barragens e do modelo de agricultura aplicado pelos grandes empresários, que desrespeitam as leis ambientais, não investem em segurança de barragens, desmatam as florestas e áreas de preservação, gerando rompimentos de barragens, destruição ambiental, catástrofes climáticas e graves consequências às populações ribeirinhas.
Tudo respaldado pelo completo descaso do governo federal com estes temas.
Enquanto a população baiana sofre com as enchentes e inundações, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou durante passeio na praia com apoiadores, que “espera não ter que retornar antes” das férias em Santa Catarina.
O abandono nacional e a perseguição ao povo da Bahia expressam a conduta característica deste governo, que emprega uma política de privilegiamento dos mais ricos e total abandono da classe trabalhadora.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) denuncia a situação e convoca todos e todas às ações de solidariedade.
Seguiremos lutando como fizemos e fazemos em Mariana e Brumadinho (MG), municípios que sofrem até hoje com o passivo histórico deixado pelo rompimento de barragens e pela irresponsabilidade de empresas privadas como a Vale, que colocam o lucro acima da vida.
Para o MAB, a situação do povo da Bahia deve ser tratada com prioridade nacional por todos os governos (federal, estaduais e municipais), colocando a vida acima do lucro.
E nós, enquanto atingidos por barragens, seguiremos o trabalho de organização e da justa luta para resolver os problemas que sofre o nosso povo na região.
Conclamamos que é necessário o compromisso de todos e todas, a mais ampla e completa solidariedade para ajudar as vítimas deste desastre, que é um dos maiores da história do estado da Bahia.
Águas para vida, não para morte!
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