Fuad Faraj, Justificando
Nestes tempos nauseabundos inaugurados pela República de Curitiba vê-se que juízes federais e procuradores da república midiáticos, pretensos gostosões de plantão judiciário, instituíram um novo mantra na aplicação da lei penal e das penas, o qual entoam com súplicas, jejuns e religiosa iteração: sendo dos outros, a depender do asterisco de quem (inimigo ou amigo ungidos), carrega-se pouco ou muito na pimenta o que proporcionará refrescâncias mil traduzidas em likes patofascistas, a benção de Dom Mercado, palminhas do bilionário e corrupto oligopólio de empresas de mídia, além de orgasmos múltiplos em seres anacrônicos que pensam viver nos anos 50 do século passado.
Essa forma torpe de justiçamento é ficção jurídica de ampla audiência no jornalão jurássico transmitido entre duas novelas que em tv aberta destila para nossas crianças condicionamentos pavlovianos sobre ideologias, estilos de vida e principalmente sobre o que devem consumir para satisfazer Dom Mercado e os anunciantes publicitários. É a informação trabalhada como arte da manipulação e da deformação.
Julios Hermann Von Kirchmann, filósofo alemão insolente, jurista de contrabando, dedicava finos vitupérios àquilo que boçais, ao estilo de juízes-ostentação desta nova e podrona república sabuja aos interesses do império americano, chamam de ciência do direito. É dele o magistral ensinamento moldado em vaticínio: “Três palavras modificadoras do legislador convertem em lixo bibliotecas inteiras”. Invocava ele que direito não é, nunca foi e nunca será ciência.
Não imaginava Kirchmann em seus sonhos mais psicodélicos que sua fala de efeito retórico marcante seria ultrapassada por uma Curitiba sombria de uma República agourenta que, falindo o Brasil, criou surtados da hora travestidos de togados juristas num belo domingo de plantão judiciário.
No domingão do Serjão, num histórico e infame 08 de julho, no descumprimento de um habeas corpus da vítima e do paciente Luiz Inácio (um remédio heróico, segundo a finada constituição brasileira) viu-se que direito além de não ser ciência é uma espécie de manifestação de vontade divina ao estilo do coronelato ou chefia de bando e que as palavras mágicas desta nova jurisdição estão na base do mais puro sotaque de mandonato chucrês: “Eu tô mandâno. Tu bedéce. A lei que sef@&@.” Sem quaisquer retoques esta jurisdição malsã amolda-se em perfeita sincronia à fina aristocracia de donos dos puteiros mais decadentes.
Nós não dávamos bola, mas é verdade o que à pretexto de piada sempre dizia a sabedoria popular: há juízes que pensam ser o braço de Deus na Terra; outros há, todavia, que embalam a certeza inabalável de ser o próprio Todo Poderoso.
É triste ver pessoas que ao invés de vestirem condignamente capas pretas e exercer de forma imparcial a jurisdição acham que estão lacrando ao pretender concorrer em megalomania e arrogância com abilolados Napoleões de hospício.
E naquele domingão maldito o vaticínio de Kirchmann ganhou uma paráfrase mal cheirosa: “Três ligações telefônicas de juízes transformam bibliotecas inteiras em excrementos fedorentos”. Neste dia o ouvido do pobre e digno Superintendente da Polícia Federal deve ter virado um largo, extenso e borbulhante buraco de estrume. Em nome da justiça e da verdade deve-se dizer que ao esgoto sanitário se lançaram não só as ditas inteiras bibliotecas. Lançou-se mais. Lançou-se também qualquer um dos 171 tons de dignidade que o sistema constitucional brasileiro poderia ter a veleidade de invocar e desfilar perante nosso ego esfarrapado ou perante um mundo civilizado cada vez mais espantado com o que magistrados anabolizados por um oligopólio de mídia estão fazendo com o nosso Brasil.
O Estado brasileiro e seu governo, por obra e graça destes procuradores e juízes midiáticos que mais parecem empregados deste grande, corrupto, bilionário e global oligopólio de imprensa é um pária internacional, inviável, sem futuro e fora da lei. Seu juridiquês no nascimento e na aplicação é uma afronta vergonhosa ao estado liberal e ao sistema político inaugurado pelo iluminismo.
Se analisarmos a fundo veremos que este sistema da República de Curitiba e asseclas supera em obscurantismo os ordálios e os julgamentos com base na prova obtida da leitura e interpretação das tripas dos animais ou das fezes humanas. Surpreende o ambiente farsesco e de corte bizantina destes tribunais midiático-globais e juízes-ostentação a enunciar decisões feitas pelos seus assessores, recheados com uma procissão de nomes de autores jurídicos estrangeiros cujos livros sequer abriram, enquanto se metem a palestrar para endinheirados e mal intencionados.
No estilo e no caráter esse sistema de justiça deste nosso Reich tropical de Bananalândia se assemelha muito à justiça das leis invocadas em Salem para se queimar bruxas, tal qual como hoje ocorre na República de Curitiba para se queimar Lula, lulistas e assemelhados. Salem, Maçaxustississ, na colonial e irrepreensível dicção do honorável Guia daquela República.
Por tudo isso Luiz Inácio se viu encarnado na figura de um preso político julgado por um juiz que carrega a má-fama de ser um usurpador de jurisdição além de dono de uma jurisdição sobrenatural. Tão sobrenatural que, a par de manifestamente parcial, é mantida incólume até mesmo dormindo ou em férias, de terno ou roupa domingueira no meio de uma churrascada fingindo não ouvir Duran Duran.
Por tudo isso Luiz Inácio se viu encarnado na figura de um preso político porque é vítima de uma das maiores fraudes judiciárias que se tem notícia na história do sistema jurisdicional internacional. Criou-se um padrão Lula de julgamento: rápido, rasteiro, e de objetivos político-eleitorais, assentado nos princípios da Gambiarra Hermenêutica e da Justiça do Auê, onde decisões judiciais fundamentadas em absurdos jurídicos e em exercícios de mitomania são extorquidas de juízes postos contra a parede da opinião pública manipulada por um corrupto oligopólio de mídia.
Por tudo isso, pela ação e graça destes déspotas de toga, Luiz Inácio além de preso político não demorará muito para se ver encarnado na figura do mártir que morreu lutando contra a tirania de um sistema antidemocrático, podre e corrupto que explora e humilha todo um povo debaixo de uma canga no pescoço desde 1500.
Devemos isso aos luminares que criaram a República de Curitiba que se não respeitam Constituição, leis, tratados internacionais ou a memória ou o ensinamento de autores jurídicos sumariamente fraudado sem suas teses acusatórias muito menos respeitariam colegas seus. Colegas seus, juízes ou promotores, humilhados em praça pública, pelos atos nefastos, deletérios e socialmente corruptos desta República supostamente instituída para combater a corrupção. Juízes e promotores que não buscando os holofotes da fátua fama tripudiando sobre a honra e a vida de acusados e seus familiares realizam anonimamente e dignamente o seu trabalho.
Agora ainda é preciso dizer isso: depois deste sórdido trabalho feito quem há de pagar a conta da falência política e econômica do país ou nos livrar da humilhação internacional a que está sendo submetido o Brasil sob os tacões do soft power do império americano?
A URSAL?
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