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Com um arrocho fiscal que cortou os gastos públicos em 13% do PIB nos primeiros três meses de governo, o ataque ultraneoliberal de Milei sobre o povo argentino já retirou mais de 34% do poder de compra do salário mínimo

O arrocho de Milei tem provocado uma onda de protestos pela Argentina

Após quase seis meses de desmonte de políticas sociais, o governo do extremista de direita Javier Milei, o “Bolsonaro” argentino, alardeou recentemente uma redução da inflação (de 25,5% em dezembro para 8,8% em abril), resultado do “maior ajuste da história”. O preço, no entanto, saiu caro demais para a população. Em decorrência de um arrocho fiscal que cortou os gastos públicos em 13% do PIB nos primeiros três meses de governo, o massacre ultraneoliberal de Milei sobre o povo argentino já retirou mais de 34% do poder de compra do salário mínimo, segundo o Centro de Pesquisa e Formação da Central de Trabalhadores da Argentina (Cifra-CTA, na sigla em espanhol).

A desvalorização do peso argentino pela metade, somada ao congelamento dos salários e aposentadorias, sempre atrás da inflação, derrubou o consumo. O país também vive uma explosão dos preços de bens e serviços. Como consequência, produtos essenciais para as famílias sumiram da mesa do povo argentino, como a carne e o leite.

O consumo de carne no país caiu 18,5% em março, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina (Ciccra). No acumulado do primeiro trimestre, o índice, de 17,6%, foi o menor em 30 anos.

O ataque desumano de Milei – cujo desprezo pela população mais vulnerável se compara ao de Paulo Guedes, o ex-ministro banqueiro da Economia de Bolsonaro – exauriu a renda da população. Não à toa, o “ajuste” provocou uma aumento de nada menos do que 123% no preço do leite entre os meses de dezembro e março. Com isso, o consumo de laticínios caiu 18,7% no primeiro trimestre.

Até a erva-mate, uma espécie de instituição nacional e carro-chefe dos costumes locais, sofreu uma queda abrupta de 30% no consumo no mês de março, em comparação ao mesmo mês do ano passado. Os dados são do Instituto Nacional da Erva-Mate.

Queda do PIB materializa tragédia de Milei

Na Argentina, o aumento da pobreza e da miséria expõe as vísceras de um modelo falido de neoliberalismo, responsável por aprofundar desigualdades sociais às custas da privatização de serviços essenciais ao bem-estar da população e de cortes em investimentos públicos, aos moldes do que fizeram Bolsonaro e Guedes no Brasil.

Na semana passada, o desastre foi materializado com a divulgação do PIB do primeiro trimestre, que despencou 5,3% na comparação ao mesmo período do ano passado. Só no mês de março, o tombo foi de 8,4%.

Do mesmo modo, o índice de pobreza no país agora está em 55%. 18% da população vive em estado de miséria absoluta, indicador mais do que o dobro de um ano atrás. Esse mergulho ao abismo vem mexendo profundamente com os brios do povo argentino, acostumado a recorrer a protestos em massa para transformar a realidade social.

O mais recente teve início há duas semanas, na província de Missiones, na fronteira com o Brasil. Segundo relatos da imprensa, professores, policiais, médicos, enfermeiros e outras categorias do serviço público estão mobilizados na região, exigindo a reposição de perdas salariais por causa de uma inflação completamente fora de controle de quase 300% em um ano.

temor é que as manifestações locais desencadeiem uma onda nacional de protestos, elevando ainda mais a tensão no país e abalando a estabilidade institucional de Milei. Apesar de o extremista manter o mesmo índice de aprovação e desaprovação (48%), 75% da população considera que o “ajuste” econômico promovido pelo governo está caindo sobre as costas do trabalhador argentino.

Setor produtivo é afetado e exportações brasileiras caem

O resultado desastroso revela ainda um acelerado desmantelamento da cadeia produtiva nacional, hoje sob ameaça de ficar paralisada. A indústria, por exemplo, sofre até com os cortes no fornecimento de gás determinados por Milei.

As exportações brasileiras para a Argentina sofreram um baque, caindo 30% entre janeiro e abril, em comparação ao mesmo quadrimestre de 2023. Acessórios para veículos caíram 25%. “Um agravante é que o ramo automobilístico, que é importante nas relações comerciais destes países, exige condições adequadas de financiamento e confiança dos seus consumidores para que sua demanda se efetive. A instabilidade do mercado argentino tende a adiar ou bloquear decisões de compra desses produtos”, declarou à Folha de S. Paulo o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Com um poço que parece não ter fundo, fica a pergunta: até quando os argentinos conseguirão suportar a catástrofe econômica e social de Milei, o arauto ultraliberal do capital financeiro disfarçado de “libertário”?

Com informações do PT Org

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