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COM GENIVALDO MORTO NO CAMBURÃO, O RETRATO DE UM PAÍS SUFOCADO

Por Eliara Santana*

A Covid me obrigou a um recolhimento compulsório, sem muita negociação, o que implicou certo distanciamento do noticiário – a doença consome nossa energia de uma forma incrível.

Por isso, somente agora olho mais atentamente para o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, cidadão brasileiro que foi empurrado para dentro de um camburão da Polícia Rodoviária Federal de Sergipe, onde morreu asfixiado com uma bomba de gás lacrimogênio.

O que Genivaldo e sua agonia nos mostram é que o Brasil está sendo sufocado numa precária câmara de gás desde o golpe de 2016. O país está sendo sufocado socialmente, economicamente, ambientalmente, em seu processo civilizatório.

O que aconteceu com Genivaldo deixa escancarado que, sob o governo Jair Bolsonaro, agentes do Estado se sentem autorizados a trancar um cidadão no camburão de um carro, em plena luz do dia e diante de testemunhas, e jogar lá dentro uma bomba de gás.

Sob o governo de Jair Bolsonaro, agentes do Estado que deveriam zelar pela integridade dos cidadãos se sentem autorizados a matar.

Portanto, o que aconteceu com Genivaldo se liga:

— ao que aconteceu na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em mais uma chacina perpetrada por policiais em favelas cariocas;

— à nova caderneta da gestante do Ministério da Saúde, que prevê episiotomia e cesariana eletiva, retrocedendo anos de conquistas das mulheres na luta pelo parto humanizado;

— ao corte de verbas da educação; ao garimpo ilegal que destrói as terras indígenas e mata as populações;

— à destruição consentida da Amazônia;

— à política de preços predatórios da Petrobras, que privilegia os acionistas e dá uma banana para os cidadãos;

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— aos quase 700 mil mortos pela pandemia sem controle;

— à desinformação que leva as pessoas a duvidarem da vacina;

— à campanha da ministra para que uma menina de 10 anos que foi estuprada seja obrigada a ter um bebê;

— à deliberada campanha para colocar em xeque as urnas eletrônicas e desacreditar as eleições.

No processo de sufocar um país, tudo está interligado, e tudo se refere a um projeto nefasto de destruição e de esfacelamento de direitos provocado pelo bolsonarismo.

Estamos sendo sufocados pelas mentiras, pela desinformação, pela disseminação de ódio, pela ausência de políticas públicas decentes, pelo descontrole da economia, pelo desemprego, pelo frio nas ruas e pela fome. Nada é aleatório no projeto de destruição perpetrado por Bolsonaro e seus ministros.

Genivaldo agonizando com a bomba de gás no camburão é o retrato de um país que está sendo sufocado em sua potência. E por isso, é essencial que as coisas sejam chamadas pelo nome – em Vila Cruzeiro, não houve “operação policial”, houve uma chacina; com Genivaldo, não foi uma abordagem para conter uma pessoa que estava exaltada, foi assassinato.

E por fim, as cenas chocantes do assassinato de Genivaldo se ligam à naturalização de absurdos protagonizada pela mídia, como bem pontuou certa feita o ministro Gilmar Mendes.

Em 2018, a mídia naturalizou um candidato racista, machista, homofóbico, defensor da ditadura.

Naturalizou como se ele fosse um candidato normal no processo eleitoral, naturalizou e passou pano para as pouquíssimas denúncias de um fortíssimo esquema profissional de disseminação de desinformação; esquema esse que se sustentava em irrealidades como o kit gay, apresentado em horário nobre sem ser rechaçado, e que foi fundamental para a eleição de Jair Bolsonaro.

Além de naturalizar os absurdos, parte da mídia se arvorava para falar em “escolha difícil” quando estavam na disputa um professor e um defensor da tortura.

Portanto, a naturalização de Bolsonaro como um candidato normal, naquele momento, se vincula ao assassinato de Genivaldo pela PRF neste momento.

E agora, precisamos nos mobilizar com muita força para garantir que o ar volte a entrar nos pulmões da nação sufocada pelo obscurantismo. Sigamos.

*Eliara Santana é jornalista, doutora em Linguística e Língua Portuguesa e pesquisadora colaboradora do IEL/Unicamp. Coordenou o curso “Desinformação, Letramento Midiático e Democracia no Brasil”, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e foi co-coordenadora do I Ciclo de Letramento Midiático do PPGL da Universidade Federal do Rio Grande

Por Eliara Santana

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