Presidente brasileiro destaca urgência de ações concretas na COP30 e propõe fundo permanente para conservação de florestas tropicais
247 – Durante visitas oficiais ao Japão e ao Vietnã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a necessidade de um compromisso global efetivo contra a crise climática. Em discursos e encontros com lideranças locais, ele ressaltou que a descarbonização “não é uma escolha, mas uma necessidade” e convocou um “mutirão global” para garantir que a COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro, resulte em decisões concretas. As declarações foram registradas pela Agência Gov.
Compromisso global com o climaPlay Video
Em sua passagem pelo Vietnã, entre os dias 27 e 29 de março, Lula enfatizou a necessidade de cada país assumir responsabilidades proporcionais ao seu histórico de emissões. “O mundo está mudando e nós, seres humanos, temos responsabilidade. E mais responsabilidade têm os países que se industrializaram há 250 anos atrás, há 200 anos atrás”, declarou. Ele também reforçou que a COP30 deve focar em decisões práticas, e não apenas em discursos: “Não queremos uma COP que seja um festival de pessoas andando para lá e para cá, como se fosse um shopping de produtos climáticos, produtos ambientais, em que todo mundo compra o que quiser, vende o que quiser, sem ninguém ter responsabilidade”.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que integrou a delegação brasileira, também alertou sobre a gravidade da crise climática. “Se tem negacionista que não acredita que o mundo está com problemas, o que vimos no ano passado é uma demonstração de que estamos perdendo o controle pelo mundo em que a gente vive, pelo ar que a gente respira, pela água que a gente bebe e pelo lugar em que a gente mora”, afirmou.
Meta de emissões e energia limpa
Lula reforçou o compromisso do Brasil com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, conforme estipulado pelo Acordo de Paris. O país já apresentou à ONU sua atualização de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) durante a COP29, realizada no Azerbaijão em novembro de 2024, assumindo o compromisso de reduzir de 59% a 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035.
Ele também apontou o potencial do Brasil na transição energética. “Temos décadas de experiência em biocombustíveis, que são alternativas de baixo custo para os setores automotivo e de aviação, e mesmo para a geração de energia elétrica. Há potencial de cooperação em energia eólica e solar, bem como em hidrogênio verde”, afirmou.
Combate ao desmatamento e financiamento ambiental
Outro ponto central abordado por Lula foi o combate ao desmatamento. “Nós já assumimos compromisso de desmatamento zero na Amazônia até 2030, queremos zerar o desmatamento no Cerrado, queremos zerar o desmatamento em todos os biomas brasileiros”, declarou.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o desmatamento na Amazônia caiu cerca de 46% entre 2024 e 2022, representando a maior redução percentual em 15 anos. No Cerrado, a queda foi de 25,7% entre agosto de 2023 e julho de 2024, marcando o primeiro declínio em cinco anos.
Para garantir a preservação ambiental, Lula apresentou o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), uma iniciativa que visa remunerar países tropicais pela conservação de suas florestas. “O Vietnã pode se beneficiar do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil, e ser remunerado por seu esforço de preservação ambiental”, afirmou em Hanói. O governo brasileiro pretende captar US$ 125 bilhões para lançar a iniciativa na COP30, destinando pelo menos 20% dos recursos a comunidades indígenas e tradicionais.
Acordos bilaterais e parcerias internacionais
As visitas ao Japão e ao Vietnã também resultaram em importantes acordos bilaterais. Com o Japão, foram assinados dez acordos e 80 instrumentos de cooperação em diversas áreas, incluindo um memorando entre os ministérios do Meio Ambiente dos dois países para promover o desenvolvimento sustentável. O acordo contempla iniciativas para mitigação de emissões, adaptação climática, conservação da biodiversidade e gestão sustentável de ecossistemas florestais e marinhos.
No Vietnã, Lula e o presidente Luong Cuong firmaram o Plano de Ação para Implementação da Parceria Estratégica, estabelecendo prioridades em defesa, economia, agricultura, segurança alimentar, transição energética e sustentabilidade. A parceria visa fortalecer o comércio bilateral, aumentar investimentos e ampliar a colaboração em temas ambientais.
Com essas iniciativas, o Brasil reforça sua posição como um dos protagonistas globais na agenda climática, buscando construir alianças que fortaleçam o compromisso internacional com a redução de emissões e a preservação ambiental.
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