O número de pessoas ocupadas bateu novo recorde na série histórica do IBGE e chegou a 100,5 milhões de brasileiros
A taxa de desemprego no Brasil registrou mais uma queda, ficando em 7,5% no trimestre móvel encerrado em novembro. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este é o menor nível trimestral desde fevereiro de 2015, quando registrou a mesma marca.
O contingente de brasileiros que não ocupam uma vaga de trabalho é de 8,2 milhões, o indicador acumula oito meses consecutivos em retração, em uma sequência de baixas desde maio. O número de pessoas ocupadas bateu novo recorde na série histórica da pesquisa e chegou a 100,5 milhões de brasileiros. O indicador cresceu 0,9% no trimestre e 0,8% nos últimos 12 meses.
A maior parte foi absorvida pelo mercado de trabalho como empregado no setor privado com carteira assinada. Essa categoria foi estimada em 37,7 milhões de trabalhadores, após a alta de 1,4% no trimestre, e chegou ao segundo maior patamar da série histórica da pesquisa. O contingente também foi acompanhado por um aumento do número de trabalhadores informais, aqueles sem carteira assinada no setor privado, que somam 13,4 milhões no trimestre.
A coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, destaca que o emprego com carteira foi o que mais contribuiu para o aumento da ocupação, mas a alta da informalidade também ajudou o indicador. “No trimestre encerrado em novembro, houve a manutenção do trabalho com carteira assinada em expansão, que vem ocorrendo desde 2022. Por outro lado, também observamos o aumento da participação da informalidade, já que a população ocupada informal também cresceu”, pondera.
Segundo a pesquisadora, no caso da informalidade, a expansão se deu, principalmente, pela atividade da construção civil, com o aumento do emprego sem carteira e por conta própria sem CNPJ, enquanto nos trabalhadores formais o saldo foi impulsionado pela indústria.
A população fora da força de trabalho totalizou 66,5 milhões, apresentando estabilidade. Os desalentados, por sua vez, caíram 5,5%, o que representa uma redução de 196 mil pessoas. Ao todo, essa população foi estimada em 3,4 milhões, o menor contingente desde agosto de 2016.
Em relatório macroeconômico, a XP Investimentos projetou que o mercado de trabalho deve seguir resiliente. “A população ocupada continua a crescer moderadamente e, mais uma vez, os dados desagregados mostraram forte aumento nos rendimentos reais. No geral, continuamos a projetar aumento moderado da população empregada ao longo do próximo ano”, destaca a nota.
A expectativa é de que a continuidade do ciclo de redução da taxa básica de juros (Selic) contribua para o mercado de trabalho, com o aumento de investimentos, além do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que deve impulsionar o segmento da construção civil. “Em suma, o mercado de trabalho brasileiro permanece sólido, apesar da desaceleração no emprego em um contexto de crescimento econômico mais moderado. Assim, projetamos a taxa de desemprego em 7,8% no final de 2023 e 8,3% no final de 2024 (com ajuste sazonal). Em relação à taxa média anual, estimamos 8,0% para 2023 e 8,2% para 2024”, projeta o relatório.
Rendimento sobe
O rendimento médio real aumentou 2,3% no trimestre e chegou a R$ 3.034. No ano, a alta foi de 3,8%. A massa salarial alcançou novamente o recorde na série histórica da pesquisa, ao totalizar R$300,2 bilhões. O crescimento foi de 3,2% no trimestre e de 4,8% no ano.
A coordenadora de pesquisas do IBGE explica que o resultado é atribuído pela combinação da expansão do número de pessoas inseridas no mercado de trabalho e também o aumento do rendimento médio desses trabalhadores. “No trimestre, esse crescimento foi mais acentuado entre os empregados com carteira no setor privado e os trabalhadores por conta própria com CNPJ. Vale ressaltar que na comparação anual nenhuma forma de inserção apresentou queda no rendimento, seja no trabalho formal, seja no informal. Todos registraram variação positiva”, destaca Beringuy.
Segundo o economista André Perfeito, mestre em Economia Política, o aumento da massa salarial é um fator a ser observado. “A melhora do mercado de trabalho é uma boa notícia e deve ser comemorado e irá construir as bases de um PIB (Produto Interno Bruto) maior em 2024, contudo a elevação da renda em termos reais irá pressionar componentes da inflação, em particular de serviços, o que pode limitar a queda da Selic”, avalia.
Com informações do Correio Braziliense
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