“Aperto monetário nos EUA pode afetar queda nos juros”, diz Guilherme Mello
O processo de queda nas taxas de juros no Brasil pode encontrar um obstáculo inesperado nos próximos meses devido ao aperto monetário nos Estados Unidos, alerta o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. Em uma entrevista ao Valor, ele discutiu os desafios que a economia brasileira enfrenta à medida que o cenário global evolui, destacando que o aperto monetário nos EUA pode impactar significativamente as perspectivas para 2024.
Mello enfatizou que o aumento nas taxas de juros dos títulos do governo dos EUA, especialmente os de longo prazo, tem consequências significativas nos mercados financeiros em todo o mundo. Isso reflete o aquecimento da economia dos Estados Unidos, que é visto como positivo. No entanto, o aumento das taxas de juros americanas afeta os fluxos de capital globalmente, incluindo o Brasil.
Um aspecto surpreendente é que a economia brasileira tem mostrado resistência a essas mudanças recentes. Normalmente, o Brasil é conhecido por ter taxas de juros e câmbio altamente voláteis, mas, desta vez, o país conseguiu se sair melhor do que alguns de seus pares. Isso demonstra a confiança dos investidores na estabilidade da economia brasileira.
No entanto, a manutenção de taxas de juros elevadas nos Estados Unidos por mais tempo do que o esperado pode complicar a política monetária brasileira. A taxa de câmbio é um dos principais canais de transmissão, e se as taxas de juros americanas permanecerem altas, a flexibilização monetária no Brasil pode ser limitada antes que a economia americana se normalize.
Mello ressaltou que a taxa final da Selic dependerá de quando o Federal Reserve (Fed) começar o processo de flexibilização monetária e quando as taxas de longo prazo começarem a cair. A manutenção de um diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos é importante, mas se as taxas americanas permanecerem altas, a Selic brasileira pode precisar encerrar em um patamar mais elevado do que o esperado.
Em relação ao impacto nas projeções de crescimento do Brasil, Mello admitiu que há muita incerteza. A previsão do governo continua a ser de normalização monetária e queda nas taxas de longo prazo nos Estados Unidos no primeiro semestre, mas há analistas que preveem que isso só ocorrerá no segundo semestre. Isso pode ter implicações para a economia brasileira, especialmente se as taxas de juros permanecerem elevadas por mais tempo, aumentando os riscos para a atividade econômica.
O secretário destacou que, apesar dos desafios, há uma possível boa notícia no cenário global: a China parece estar desacelerando menos do que o previsto, o que pode ajudar a sustentar o crescimento econômico global. No entanto, o equilíbrio de riscos ainda tende mais para o lado negativo, com os Estados Unidos e as tensões geopolíticas representando ameaças à atividade econômica e à política monetária.
Mello enfatizou a importância da agenda fiscal e da reforma tributária para a estabilidade fiscal e econômica do Brasil. A aprovação dessas medidas pode fornecer mais segurança aos investidores e estimular o crescimento econômico.
Com informações do Brasil 247
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