Repúdio generalizado às declarações de Maurício Souza demonstra o avanço civilizatório do país, mas o reacionarismo segue forte
Por Julian Rodrigues*, especial para o Viomundo
Vivemos enterrados em avalanches de notícias ruins. Às vezes, quase acreditamos que as trevas neofascistas prevalecerão.
Eis, todavia, que coisas boas acontecem, evidenciando perspectivas e possibilidades.
Maurício Luiz Souza, até o início desta semana astro do Minas Tênis e da seleção brasileira, bolsomínion aguerrido (a ponto de retuitar o 02), ilustra isso.
Provavelmente, nunca imaginou que seria demitido de seu clube e excluído da seleção brasileira de vôlei em virtude de uma mera postagem homofóbica.
No Dia das Crianças, ele postou no seu Instagram, em tom de deboche, a imagem de uma reportagem (com foto de beijo na boca) que dizia ser bissexual o novo Superman.
“Ah, é só um desenho, não é nada demais… Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”, escreveu o jogador, publicando o desenho do Super-Homem beijando um rapaz.
Depois, postou a foto de uma jogadora de basquete transexual dizendo: “Se você achar algum homem nessa foto você é preconceituoso, transfóbico e homofóbico”.
Em função das repercussões negativas, tentou se safar, pedindo desculpas, caso sua opinião tivesse ofendido alguém ou alguma comunidade.
A agressão homofóbica foi no seu perfil no Instagram, onde tinha 300 mil seguidores; atualmente, já somam 1 milhão.
O pedido de desculpas ocorreu no seu perfil no Twitter, onde tem cerca de 100 seguidores.
Fico matutando. Tem coisa mais gay/ sapata que o vôlei? Um dos esportes nos quais a nossa comunidade tem mais presença?
A primeira reação foi da Fiat, patrocinadora do clube do sujeito.
A montadora cobrou medidas cabíveis por parte do Minas, ‘de acordo com seu posicionamento inegociável diante do respeito à diversidade e à inclusão’.
Sentiram?
Depois, veio a posição forte de Douglas Souza, gay assumido e militante, jogador da seleção: “feliz pelas empresas se juntando contra e triste por atletas tentando passar o pano nisso. Vergonhoso. Todos os dias, todas as horas um dos nossos morre. O que temos? Uma retratação…”.
Sabemos que as primeiras reações oficiais tendem sempre a uma linha de passar um pano.
Mas a pressão das LGBT e aliados fez diferença. A primeira nota do Minas Clube é vergonhosa (se distanciando do caso, alegando a tal liberdade de expressão, minimizando).
Aí, veio a nota poderosa da Torcida do Minas Tênis Clube. Zero condescendência:
“Nas últimas semanas,o atleta repetiu posicionamentos homofóbicos e manifestações preconceituosas. A Independente não pode se calar. Homofobia é crime inafiançável no Brasil, passível de cadeia. É inaceitável que tenhamos que ver, calados, atos criminosos serem cometidos por um jogador que veste a nossa camisa como se fossem normais”.
O pedido de “desculpas” do moço Maurício foi ainda pior.
Defendeu seu direito de defender aquilo em que acredita (ou seja, que viados, bis, sapas e trans não merecem respeito).
Ele gagueja ao dizer que “joguei com vários ho-ho-homossexuais”, e reclama por não poder colocar os valores da família acima de tudo e que se não respeitar “os valores de vocês” será rotulado como homofóbico.
O vídeo de “desculpas” é um ataque, uma reafirmação dos seus valores reacionários e preconceituosos – um bolsomínion raiz, o jogador demitido.
Mas, tivemos um final feliz. O Minas Tênis Clube demitiu o bolsomínion.
E o técnico da seleção brasileira de vôlei mandou um papo reto:
” É inadmissível este tipo de conduta do Maurício e eu sou radicalmente contra qualquer tipo de preconceito, homofobia, racismo. Em se tratando de seleção brasileira, não tem espaço para profissionais homofóbicos”.
Foi uma vitória da civilização contra o bolsonarismo.
Mas, é preciso considerar o quadro geral. Esse sujeitinho sustentou suas posições. Faz luta política e ideológica pelas redes. Não recuou em nada nas suas postulações machistas, homofóbicas, bolsonaristas. Disse que “seu legado continua”.
E postou uma imagem do SuperMan beijando a Mulher Maravilha. Tirou sarro e quis sair por cima: “sou machista, homofóbico, hétero preconceituoso, bolsonarista, direitista, e daí”?
Se vacilarmos, o cara é capaz de sair candidato a deputado por algum partido de direita e ainda se eleger!
Disso tudo ficam lições importantes:
— não mexam com as gay
— somos fortes e mobilizadas
*Julian Rodrigues, professor e jornalista, mestre em ciências humanas e sociais é ativista de Direitos Humanos e do movimento LGBTI
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