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Os sites da direita estão cheios – e logo a grande mídia estará também – de opiniões de “especialistas” dizendo que Lula não pode recusar o regime semiaberto.

Dupla bobagem.

A primeira, jurídica: o regime semiaberto é condicional, não o de ampla liberdade. Basta não aceitar as condições – a tornozeleira eletrônica, por exemplo – que ele deixa de existir. Ponto final.

A segunda, política: Lula estaria, com isso, atenuando as culpas da Lava Jato em seu processo, pois o lavajatismo alega que isso é a prova de não se lhe negam direitos comuns a outros presos.

Não, Lula não é um preso comum, porque não há crime de corrupção ou de lavagem de dinheiro que se possa provar contra ele: foi julgado por atos indeterminados e porque, alegou-se, era o mantenedor de esquemas de corrupção na Petrobras que nenhum dos corruptos – e confessos – teve como afirmar que aproveitavam ao ex-presidente.

O crime que Lula cometeu é o de estar disposto e em condições de vencer as eleições.

Mas se dele conseguiram tirar as condições legais de voltar à direção do país, às condições políticas não conseguiram.

Preso há um ano e meio, com tudo o que lhe fazem os três poderes da República e o poder imperial da mídia ele segue sendo o centro do processo político.

E dele não sairá.

E não sairá porque seus inimigos jamais conseguirão entender que Lula, involuntariamente até, tornou-se um ícone do Brasil que não deixam brotar, há quase 100 anos.

E, por isso, virou uma enormidade, que em nada se assemelha aos homens miúdos que dominam a cena brasileira.

O lugar que Lula habita é um mundo inacessível para esta gente. É a cabeça e o coração do povão, dos humilhados, dos ofendidos, dos silenciosos, dos esquecidos, dos que se movem nas sombras, não dos que desfilam pelos salões.

Ninguém pode ser referência se não for grande.

Lula é imenso. Eles são micróbios.

Esqueçam o pragmatismo, tão caro aos pretensiosos, que se julgam os sábios que guiarão o povo.

O povo, muito mais prático e eficaz, cria suas próprias bússolas, que apontem ao Norte que ele não sabe descrever, mas sente.

Não são os heróis que dirigem o povo, é o povo que faz o herói, muito além de sua força natural, muito além do ser humano comum que é e que, por este processo social, deixa de ser para ser muito maior.

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