O presidente ainda estabeleceu que se reunirá semanalmente com a equipe de articulação política
Nesta semana, o governo Lula (PT) enfrentou significativas derrotas no Congresso Nacional, reforçando o diagnóstico de sua equipe de que o governo carece de uma base sólida para vencer nas chamadas ‘pautas de costumes’, majoritariamente defendida pelo bolsonarismo.A constatação foi discutida pelo próprio presidente durante uma reunião na quarta-feira (29) com seus principais auxiliares na articulação política, segundo a Folha de S. Paulo. No encontro, foi acordado que, embora o governo tenha alcançado vitórias importantes em questões econômicas, deve evitar se envolver em projetos ligados a valores e costumes, onde a resistência parlamentar é maior.
Participaram da reunião o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e os líderes do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Apesar das derrotas recentes, o presidente Lula descartou, por ora, fazer mudanças na equipe de articulação.
Como uma medida de resposta, Lula decidiu se reunir semanalmente, às segundas-feiras, com esse grupo. Atualmente, Padilha e os líderes costumam se reunir no início da semana entre si e também com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Randolfe e Wagner minimizaram publicamente o impacto das derrotas, destacando que já eram esperadas, dado o perfil conservador do Congresso. Wagner afirmou que a política atual está “totalmente bipolarizada, fanatizada” e que alguns políticos já estão em campanha para 2026.
No Planalto, há uma avaliação de que o orçamento impositivo das emendas parlamentares, que somam bilhões, enfraqueceu o poder de negociação do governo, dificultando a formação de uma base fiel. Reservadamente, parlamentares da base governista comentam que o centrão tenta se aproximar do bolsonarismo nas pautas de costumes para obter ganhos políticos nas eleições municipais de outubro.
A sessão do Congresso foi marcada por três pautas ideológicas: o fim das saídas temporárias de presos, um pacote de costumes incluído por bolsonaristas na prévia do orçamento, e o veto de Jair Bolsonaro (PL) ao dispositivo que criminalizava a “comunicação enganosa em massa”. Nos dois primeiros casos, os parlamentares derrubaram vetos de Lula, enquanto o veto de Bolsonaro foi mantido.
Essas derrotas ocorreram com ampla margem de votos e com apoio de partidos de centro e direita que compõem o governo Lula. Reconhecendo sua posição minoritária, o governo tem evitado grandes esforços na pauta de costumes.
Durante a reunião de quarta-feira, Lula admitiu aos presentes que a derrubada do veto no caso das saídas temporárias de presos não foi uma surpresa, pois ele já havia sido alertado sobre a dificuldade de reverter a posição dos parlamentares. O presidente explicou que, embora soubesse da baixa probabilidade de sucesso, era necessário marcar posição.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), patrocinador do projeto de lei que acabou com as saídas temporárias, afirmou que o resultado da sessão demonstrou uma “força considerável da oposição” e que a força de um governo não deve ser medida por votações pontuais.
Questionado sobre possíveis mudanças na articulação com o Congresso, Randolfe ressaltou que existe “um núcleo político que tem a confiança do presidente da República”.
Com informações do Brasil 247
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