Na véspera do Primeiro de Maio, quando o governo revolucionário venezuelano convocava o povo para celebrar o Dia Internacional dos Trabalhadores, os golpistas venezuelanos, adestrados pelo imperialismo estadunidense e apoiados pelos governos de extrema-direita do Brasil, da Colômbia e demais países satélites do chamado Grupo de Lima, promovem mais uma intentona golpista, com aparência de golpe militar.
Até agora é um fracasso popular e militar. Malgrado a mobilização de setores da população – os mesmos com que já contava Guaidó – não há, mais uma vez, uma adesão popular majoritária ao golpe. No momento em que escrevemos estas notas, uma multidão está às portas do Palácio de Miraflores brindando apoio ao presidente Maduro. E, pior dos mundos para os golpistas venezuelanos e seus patrões internacionais: ficou evidente que não havia nem há dispositivo militar favorável ao golpe. Este é um aspecto saliente, talvez o de maior significação, porquanto desde 23 de janeiro, quando o chefe da Assembleia Nacional em desacato constitucional autoproclamou-se “presidente encarregado”, diuturnamente tem dedicado suas energias à mobilização de apoios externos, em atos recorrentes de traição à pátria, e a angariar, em vão, apoios entre os militares venezuelanos.
O que tem corrido o mundo até agora são as famigeradas fake news, inclusive a propalada tomada da base de La Carlota.
As imagens falam alto, mesmo as editadas pelas redes televisivas manipuladas pelo imperialismo: não foram vistas tropas, generais, oficiais e suboficiais comandando divisões e pelotões para executar ou apoiar o golpe.
Falam ainda mais alto os eloquentes pronunciamentos dos chefes militares bolivarianos, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, o do Comando Estratégico Operacional da Força Armada Nacional Bolivariana (como se chama o conjunto das Forças Armadas nacionais), Remígio Ceballos. Os pronunciamentos desses chefes podem ser resumidos numa palavra: Lealdade – ao povo, à pátria, à revolução bolivariana, à Constituição do país e ao presidente da República legítimo e constitucional, Nicolás Maduro.
As manifestações de países estrangeiros até agora são também claras a respeito das implicações geopolíticas. Os maiorais da política externa e de segurança dos Estados Unidos pronunciaram-se em favor do golpe e seguem ameaçando com a intervenção militar como uma opção válida sobre a mesa.
Por seu turno, a Rússia pediu o respeito aos princípios consagrados do Direito Internacional e reafirmou o apoio à autodeterminação do povo venezuelano, fazendo um apelo adicional contra o derramamento de sangue em favor da paz.
O México, cujo governo devolve o alento democrático e soberanista à nossa região, tão golpeada em período recente pela ofensiva golpista e intervencionista dos Estados Unidos, lança de novo uma iniciativa diplomática de diálogo e paz.
Em contraponto e contradição com o mandamento constitucional brasileiro e as melhores tradições de nossa política externa de defesa da autodeterminação nacional e da solução pacífica dos conflitos internacionais, o governo de Bolsonaro apressa-se a apoiar a intentona golpista, subordinando-se aos interesses estadunidenses. Com isso, ameaça a paz e a estabilidade regional, o que significa um perigo para a própria população brasileira.
Muito suspeita a viagem, na véspera, do chanceler Ernesto Araújo a Washington, onde se encontrou com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o assessor especial de Segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton, com os quais discutiu a situação venezuelana. Araújo saiu dos dois encontros dando declarações em que repetiu o engajamento do Brasil com a política de estrangulamento que os EUA promovem contra a economia venezuelana e manifestou ansiedade com tempo necessário para a derrubada do presidente Nicolás Maduro