As elites já cogitam implantar o parlamentarismo no Brasil, como remédio para o despreparo de Jair Bolsonaro, aponta o cientista político André Singer. “Com a pacificação arranjada entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia pôs-se fim, aparente, à crise. Mas voltou a circular uma hipótese que vai crescer na próxima rodada de dificuldades presidenciais. Trata-se da perene proposta de implantar o regime parlamentarista no Brasil”, diz ele, em sua coluna.
Singer lembra que “o despreparo do atual ocupante do Planalto ainda não ocasionou uma perda generalizada para os detentores de capital”, mas ressalta que “os sinais de que o eleito começa a ficar sem governabilidade se avolumam, causando preocupação de médio prazo entre os donos do dinheiro”.
Ele revela ainda que o próprio vice pode eventualmente apoiar a proposta. “O projeto parlamentarista tinha estado na origem da confabulação que acabou por levar Michel Temer ao Alvorada. Agora, renasce sob o signo do general da reserva que reside temporariamente no Jaburu. Comenta-se que o militar estaria disposto a encaminhar o assunto”, aponta, fazendo um paralelo entre Jânio Quadros e Jair Bolsonaro. “Tal como em 1960, a direita elegeu um populista autoritário e pouco confiável para impedir que o campo popular voltasse ao poder. Assim como naquela época, o parlamentarismo será a saída cogitada para contornar as crises que o Messias de turno provoca. Retirando, de passo, para sempre, o fantasma de uma Presidência popular e reformista do horizonte nacional.”
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