Senador deverá retoma a presidência da Casa sob expectativa de uma relação rigorosa com o Planalto e cobranças por transparência no Orçamento
247 – Quatro anos após deixar a presidência do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) retorna ao posto com um novo cenário político e uma relação mais rigorosa com o governo Lula (PT). Se Rodrigo Pacheco (PSD-MG) manteve um alinhamento com o Planalto, a previsão é de que Alcolumbre adote um tom mais pragmático, exigindo maiores concessões para avançar pautas de interesse do Executivo, segundo o jornal O Globo.
A volta do senador ao comando da Casa acontece em um momento de desconfiança mútua entre o Congresso e o governo. Alcolumbre, que teve papel central na ampliação do controle parlamentar sobre o Orçamento em sua gestão (2019-2021), encontra agora um cenário de maior fiscalização por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal, que investigam a distribuição de emendas parlamentares sem transparência. As cobranças por transparência na aplicação dos recursos públicos podem dificultar sua gestão e impor um freio na capacidade de barganha da nova direção do Senado.Play Video
Acordos com a oposição e cálculo eleitoral – Alcolumbre retorna ao cargo após costurar uma ampla rede de alianças que inclui o PL, partido de Jair Bolsonaro, que ocupará a vice-presidência da Casa. Seu retorno reflete um movimento de acomodação política que visa garantir apoio em sua tentativa de reeleição ao Senado em 2026. No Amapá, seu reduto eleitoral, Bolsonaro obteve vantagem sobre Lula nas últimas eleições presidenciais, o que pressiona o senador a manter um equilíbrio entre atender ao Planalto e manter boa relação com a oposição.
Sinais dessa nova configuração já aparecem antes mesmo de sua posse. A oposição conseguiu avançar na ocupação de espaços estratégicos, como a presidência da Comissão de Segurança Pública, agora sob comando de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos temas mais sensíveis para a gestão petista.
Carlos Portinho (PL-RJ), líder do PL no Senado, avalia que a gestão de Alcolumbre pode permitir avanço da agenda da direita: “o respeito à proporcionalidade foi quebrado com a disputa passada. Com isso, a expectativa é a ocupação de espaços importantes nas comissões e suas presidências, onde poderemos pautar projetos que são do nosso interesse”.
Trunfos e desafios de Alcolumbre – Apesar das tensões, Alcolumbre preserva sua habilidade de articulação, que foi essencial em sua gestão passada para fortalecer o poder do Senado frente ao Executivo. Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), construiu pontes tanto com o Planalto quanto com senadores independentes, negociando cargos, emendas e apoio político. A indicação de Waldez Góes, ex-governador do Amapá, ao Ministério da Integração Nacional foi um movimento que garantiu sua influência dentro do governo Lula.
Seu pragmatismo político, contudo, será testado pela desconfiança de setores do governo. No final de 2023, Alcolumbre criticou a demarcação de terras indígenas feita pelo governo, afirmando que se sentiu “enganado” pelo Planalto após o Congresso aprovar o marco temporal. O tema, que gerou atritos com o STF, reforça a posição do senador como um ator independente, capaz de jogar em diferentes frentes conforme a conveniência política.
STF e a pressão sobre as emendas – Um dos principais desafios de Alcolumbre será lidar com a pressão crescente do STF e da Polícia Federal sobre a execução de emendas parlamentares. Investigações recentes apontam que cidades do Amapá estão entre as que mais receberam recursos per capita, levantando questionamentos sobre a destinação dos valores.
Em dezembro, a Polícia Federal prendeu 17 pessoas envolvidas em um esquema de desvio de recursos do Orçamento, que pode ultrapassar R$ 1,4 bilhão. Entre os investigados está José Marcos de Moura, o “Rei do Lixo”, dirigente do União Brasil, partido de Alcolumbre. Embora o senador não seja citado diretamente, o caso pode respingar em sua gestão, especialmente pelo histórico de sua atuação na destinação de emendas.
Se por um lado oposicionistas esperam apoio a projetos como a anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, governistas esperam que Alcolumbre impeça medidas que comprometam o equilíbrio fiscal. A chave do seu mandato será manter a habilidade de trânsito entre os diferentes grupos, sem se afastar completamente do governo.
Com um Senado mais dividido e um STF mais vigilante, Alcolumbre inicia seu segundo mandato em uma posição delicada: equilibrando interesses diversos e navegando em um terreno de desconfiança.
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