Escritor Luis Fernando Verissimo alerta, de forma irônica, para a perseguição cada vez mais saliente do governo Bolsonaro contra tudo o que remete à arte e ao social. “Muitos companheiros da resistência estão desaparecidos”, diz ele, e foram levados “em camburões do temido Departamento de Combate à Criatividade com destino ignorado, todos nus”
247 – Em coluna publicada no jornal O Estado de S.Paulo, o escritor Luis Fernando Verissimo alerta de forma irônica para os retrocessos que o governo Jair Bolsonaro impõe sobre a cultura.
“Qualquer manifestação artística com o nome de ‘vanguarda’, ‘social’ e etc., já era proibida no território nacional e agora, para simplificar, decidiram proibir qualquer manifestação artística no território nacional, salvo a de bispos cantores”, afirma.
“Muitos companheiros da resistência estão desaparecidos, como o pessoal do teatro de vanguarda obrigado a desocupar o teatro onde encenavam uma peça de conteúdo social, o que é proibido, e levados em camburões do temido Departamento de Combate à Criatividade com destino ignorado, todos nus”, acrescenta.
De acordo com o escritor, “a queima de livros que pregam o evolucionismo, o sexo recreativo, a redondeza da Terra, o ridículo de acreditar em astrologia, o socialismo ou tudo isso ao mesmo tempo, continua e já há uma corrente que julga inútil queimar livros se suas ideias continuam a existir e serem propagadas por mentes doentias, e sugere que se queime escritores, ou na ordem alfabética ou pela sua evidente combustibilidade”. “Somos obrigados a mudar o código quase que diariamente para evitar a detenção”.
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