“Com nossas mãos, sonhos e desavenças, compomos um rosto de peão, uma voz rouca de peão, o desassombro dos peões para oferecer ao país, para disputar o país.” Pedro Tierra
O impulso que o fez emergir na cena das lutas sociais do Brasil dos anos 1970 deriva do conflito entre o trabalho e a propriedade, numa sociedade oligárquica, herdeira de 300 anos de exploração do trabalho escravo e autoritária, que vivia sob o signo de uma ditadura.
Aos olhos do Estado brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva encarna o delírio dos trabalhadores manuais de alcançar o direito a voz, em um país desigual onde à classe trabalhadora cabia calar-se e submeter-se.
Neste país onde só tinham direito a voz os bacharéis, os banqueiros agiotas, os coronéis, os proprietários, as elites….um homem ergueu uma voz…. que era a expressão coletiva dos despossuídos.
Passado colonial
Este homem insiste e chega aos 75 anos, neste 27 de outubro, ainda lutando por direitos, os seus e os de seu povo.
Com os instrumentos que têm às mãos, está posto diante dos tribunais, lutando pelo direito de representar sua gente.
Nenhuma personalidade política na história do Brasil encarna como ele a determinação de questionar a ordem injusta, preconceituosa e excludente herdada do passado colonial, também escravocrata e que é reafirmada todos os dias pelas suas elites.
A história do filho de Dona Lindu, esteio da família como tantas mulheres no Brasil, que se desloca de Garanhuns, interior de Pernambuco, para a periferia de Santos, em São Paulo, pode ser descrita como o aprendizado de quem arranca do silêncio dos séculos o direito à palavra. O direito de falar. Aos seus iguais e aos seus diferentes.
Para exprimir numa linguagem universal – compreendida pela gente do povo de todos os brasis – a mais avançada consciência dos oprimidos.
Uma fala coletiva, representativa de muitos brasileiros e brasileiras, fundada em uma profunda consciência histórica.
Direitos dos trabalhadores
Quarenta anos depois, nesses tempos de pesadelo, quando os estratos mais ricos da sociedade brasileira se despiram de qualquer aparência ou escrúpulo para fazer valer seus interesses, golpeando a Constituição, derrubando uma presidenta eleita, Dilma Rousseff, e impondo a farsa que nos trouxe ao governo neofascista de Bolsonaro, é imperiosamente necessário mantê-lo em silêncio.
Porque Lula encarna uma virtude humana que não se apaga: a esperança! Sua imagem e sua voz onde quer que seja ouvida faz ecoar: “Somos a perigosa memória das lutas./ Projetamos a perigosa memória dos sonhos./ Nada causa mais horror à ordem/ do que homens e mulheres que sonham./ Nós sonhamos e organizamos o sonho”.
Por isso é preciso usar o Judiciário para calar este homem.
Perseguição odiosa
É comovente quando ouvimos a voz do Lula na cena política do Brasil, desde as assembleias de Vila Euclides, à rua João Basso na porta do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, conversando com os peões na porta das fábricas, no sepultamento do seringueiro Chico Mendes, em Xapuri, no Acre, nas mobilizações pelas Diretas Já…
Ou nas Caravanas da Cidadania, na luta pela erradicação da Fome, por todo o país, no plenário do Congresso Constituinte, nas incursões pelo Brasil profundo, até ao discurso proferido na Av. Paulista na vitória de 2002, quando anunciou o combate à fome como prioridade do governo e quando ouvimos durante os dois mandatos consecutivos prestando contas dos seus compromissos com os mais pobres.
Com suas palavras, somos tocados pela permanente indignação diante do descaso, da exploração, da violência e das injustiças contra seu povo.
Os seus adversários sabem que a sua trajetória política ao lado da história do Partido dos Trabalhadores é inseparável da construção da democracia no Brasil e das conquistas e avanços no campo dos direitos para o povo brasileiro!
Despossuídos
A consciência construída a partir das lutas contra as desigualdades, desperta como uma consciência indignada.
Produz – é inevitável – um discurso indignado. Potente. Carregado de força transformadora porque é capaz de comover as pessoas, capaz de despertar empatia a ponto de convencê-las a partir de uma profunda identificação.
Lula se recusa a reproduzir o discurso dominante. Encontrou, intuitivamente, ao longo do aprendizado, a linha reta de sua comunicação com os trabalhadores, as trabalhadoras e o conjunto dos despossuídos e excluídos do país.
O que assistimos hoje, antes de tudo, quando o vemos diante dos tribunais é o esforço dos setores dominantes para reduzi-lo, (reduzir-nos), novamente ao silêncio.
Como isso não é possível, tentam capturar o discurso que foi construído ao longo de quarenta anos, pois sabem da sua inquestionável potência.
Apartheid social
Lula permanece com a capacidade de comover, de mobilizar, de compreender as necessidades do povo trabalhador, ao mesmo tempo que compreende o papel do Estado, que deve estar a serviço do bem comum, como um impulsionador das transformações necessárias para a nossa sociedade.
Por isso, a condição em que ele se encontra hoje – de cidadão interditado, destituído dos seus direitos políticos – é a metáfora cabal da sociedade de apartheid social, em que os excluídos do orçamento público devem ser excluídos do processo político, devem ser excluídos da palavra…
Sua condição de perseguido político e sua disposição de resistir ao arbítrio da toga que o mantém sequestrado nos autoriza a seguir sustentando suas lutas e bandeiras que expressam desejo e esperança de uma sociedade mais justa e generosa.
Um Brasil menos desigual, menos violento, sem Fome. Um Brasil com mais saúde e educação. Um Brasil soberano e desenvolvido com justiça e inclusão social!
Justiça de classe
Nesses dias em que testemunhamos indignados a soberania nacional ser vilipendiada pelo governo neofascista de Jair Bolsonaro, caudatário dos fracassos de Trump, lemos numa página de Paulo Freire que poderia ter sido escrita ontem:
“A sociedade dependente é, por definição uma sociedade silenciosa. Sua voz não é autêntica, mas apenas um eco da voz da metrópole – em todos os aspectos a metrópole fala, a sociedade dependente ouve. (…) Suas elites silenciosas frente à metrópole, silenciam por sua vez, o seu próprio povo.” (Paulo Freire, Ação Cultural para a Liberdade”, 1970).
Por isso os setores dominantes precisam usar o Judiciário para reduzir este homem ao silêncio.
Nestes últimos dias, com a vitória eleitoral do MAS sobre a direita e a extrema-direita golpista na Bolívia e com o plebiscito que enterrou a constituição neoliberal imposta por Pinochet ao Chile, os povos da América Latina oferecem ao mundo um espetáculo inesquecível, de consequências históricas relevantes para o futuro imediato e para o longo prazo: a ressurreição da política como a mais elevada forma de ação coletiva para a transformação social contra a necropolítica imposta pelo neoliberalismo ao continente.
Seguimos ao teu lado, Luiz Inácio Lula da Silva, como protagonistas desta história de lutas por justiça, democracia e direitos.
Setenta e cinco anos de uma verdadeira história de amor ao Brasil e ao povo brasileiro!
Pelo reconhecimento da parcialidade de Moro!
Pela anulação dos processos da Lava Jato!
Pela imediata restauração dos direitos políticos de Lula!
*Paulo Pimenta é deputado federal (PT/RS)
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