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Muitos brasileiros se tornaram microempreendedores individuais devido à precarização do trabalho. Antes da pandemia, mais da metade ganhavam acima de R$ 2.176 por mês.

Sete em cada dez microempreendedores estão ganhando abaixo de U$ 200 por mês no Brasil (R$ 1.088 considerando a cotação do dólar da última sexta-feira, valor próximo ao salário mínimo, de R$ 1.045). Antes da pandemia do coronavírus, a situação era inversa: oito em cada dez profissionais ganhavam acima desse valor e apenas um tinha renda inferior ao salário mínimo.

A informação consta em levantamento da fintech Neon e pelo fundo de venture capital Flourish, com apoio da empresa de pesquisa de impacto 60 Decibels, e foi divulgada pelo Estadão nesta segunda-feira (29). Os pesquisadores entrevistaram, durante o mês de maio, 1,6 mil microempreendedores individuais (MEIs) sobre os reflexos da pandemia no trabalho e nas finanças.

O resultado mostrou que quase 90% dos profissionais tiveram queda na renda, em maior ou menor grau. Se antes da pandemia mais da metade dos empreendedores ganhavam acima de US$ 400 (R$ 2.176) por mês, agora apenas 10% estão nessa faixa.

Os MEIs são um instrumento de formalização da economia. Desde 2008, quando foi criado, o programa foi responsável por tirar milhões de trabalhadores da informalidade segundo o Sebrae. No entanto, o crescimento de participantes também é reflexo do aumento da precarização do trabalho. Para muitos, como motoristas de Uber e entregadores de aplicativos, criar um CNPJ como MEI é a única forma de acessar benefícios como a aposentadoria no valor de um salário mínimo.

No total, são mais de 10 milhões de microempreendedores individuais. “A preocupação é que esses profissionais, com as micro e pequenas empresas, representam entre 30% e 40% do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro”, afirmou ao jornal o diretor da área de pessoa jurídica da Neon, Marcelo Moraes, um dos responsáveis pela pesquisa.

Os profissionais que mais tiveram redução na renda, segundo a pesquisa, foram os motoristas de aplicativos, esteticistas e comércio de rua, como mercadinhos e lanchonetes. Segundo Moraes, metade dos entrevistados teve de usar a poupança ou reduzir despesas para se adequar à nova realidade. Além disso, 39% pegaram dinheiro emprestado para honrar compromissos (em muitos casos, o cheque especial) e 18% penhoraram ou venderam algum ativo durante a pandemia.

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