Ao prestar solidariedade ao povo moçambicano, vítima da tragédia causada após a passagem do ciclone Idai, o deputado federal João Daniel (PT/SE) questionou, em discurso na Câmara, esta semana, onde estaria a solidariedade do presidente Jair Bolsonaro e do seu colega Donald Trump, dos Estados Unidos, com este e outros países africanos atingidos por essa catástrofe. “Só tem solidariedade com reserva de petróleo, só tem solidariedade se tiver interesse das empresas multinacionais, a exemplo da história da maior reserva de petróleo do mundo, que é na Venezuela”, indagou.
A passagem do ciclone Idai já deixou quase 450 pessoas mortas em Moçambique, além de cerca de 260 no Zimbábue e em torno de 60 no Malauí. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a tragédia tenha atingido pelo menos 1 milhão de crianças moçambicanas. Segundo o deputado, há uma grande diferença da atenção prestada pelo imperialismo norte-americano diante da catástrofe em Moçambique e na crise venezuelana, apesar das milhares de pessoas que perderam suas casas, seus familiares ou estão em locais ainda inacessíveis.
A ONU pediu R$ 1 bilhão para ajudar Moçambique após ciclone e embora o secretário-geral da organização, António Guterres, tenha cobrado mais apoio da comunidade internacional para os moçambicanos, e vários países tenham anunciado sua contribuição, este não parece ter sido o interesse dos EUA.
“O mundo se solidariza para contribuir com Moçambique, mas parece que há um que não demonstra tanto interesse: os EUA, que ameaçam invadir a Venezuela com a desculpa da ajuda humanitária, mas não estão tão sensibilizados com o país africano, mesmo diante da grande catástrofe e havendo pedido da embaixada norte-americana em Maputo”, disse. Para João Daniel, historicamente os imperialistas norte-americanos invadiram nações ou patrocinaram guerras que resultaram na exploração de suas riquezas naturais, sobretudo, no que quesito petróleo.
Ele lembra que a Venezuela tem a maior reserva petrolífera do mundo e este é o verdadeiro foco dos EUA, que investem nos embargos e no boicote econômico para desencadear a crise econômica venezuelana. “Proíbem a venda de medicamentos e alimentos à Venezuela, depois vendem isso como crise interna e oferecem ‘ajuda humanitária’ como propaganda de suas ‘boas intenções’”, disse.
Em seu pronunciamento, o deputado João Daniel parabenizou o trabalho que está sendo feito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Cáritas Internacional que estão mobilizadas na defesa dos povos africanos e da verdadeira solidariedade. “Têm e sempre tiveram o nosso apoio estão mobilizadas — e têm o nosso apoio e sempre o tiveram — em defesa dos povos da África e da verdadeira solidariedade. Precisamos nos unir contra a desigualdade no mundo, voltar a ser aquele país que tirou milhões da miséria, erradicou a fome, foi solidário e contribuiu com diversos países africanos e mulçumanos, além de praticar a boa vizinhança, respeitando a soberania das nações. Esta foi a marca dos governos do Partido dos Trabalhadores”, completou.
Por Edjane Oliveira, da Assessoria de Imprensa