Segundo o presidente, estradas que ligam o território brasileiro a países na América do Sul receberão investimento. Lula também anunciou US$ 17 milhões para um centro de formação
Em mais um capítulo do esforço brasileiro para retomar a integração regional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira aos países caribenhos investimentos em estradas que ligam o Brasil às Guianas, Venezuela e Suriname, um aporte para o Banco de Desenvolvimento do Caribe e a retomada das representações diplomáticas brasileiras na região.
“Nosso maior obstáculo é a falta de conexões, seja por terra, por mar ou pelo ar. Uma das rotas de integração e desenvolvimento prioritárias para meu governo é a do Escudo Guianense, que abrange a Guiana, o Suriname e a Venezuela. Queremos, literalmente, pavimentar nosso caminho até o Caribe. Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e fortalecer a segurança alimentar da região”, afirmou o presidente no encerramento da Cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), da qual participou como convidado.
Apesar da proximidade geográfica, o Brasil tem poucas rotas por terra para os três países e, atualmente, não tem ligações diretas por ar, apenas via Panamá ou Estados Unidos.
Lula também anunciou um aporte para o Banco de Desenvolvimento do Caribe, a ser feito até o final deste ano, mas sem detalhar valores, e a volta das representações diplomáticas brasileiras na região.
Durante seus dois primeiros mandatos, o governo brasileiro aumentou consideravelmente o número de embaixadas, especialmente na África e na América Latina e Caribe. Lula lembrou que o Brasil chegou a ter embaixadas em todos os países da Caricom. Nos governos subsequentes, no entanto, várias foram fechadas.
“Queremos restabelecer nossa presença diplomática em todos os países da Caricom. Estamos reabrindo nossa missão junto a São Vicente e Granadinas”, afirmou.
O presidente citou ainda a necessidade de atenção especial ao Haiti. País mais pobre país das Américas, a ilha caribenha entrou novamente em uma crise de violência e miséria, poucos anos depois da força de paz da Organização das Nações Unidas, comandada pelo Brasil, ter deixado o país.
“No Haiti, precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela tragédia. Infelizmente, a comunidade internacional não deu ouvidos quando o Brasil alertou que o esforço de estabilização só seria sustentável com apoio maciço ao desenvolvimento e ao fortalecimento institucional do país”, afirmou.
O governo brasileiro, disse Lula, irá investir 17 milhões de dólares em um centro de formação profissional para jovens no sul do país, além de dar treinamento para forças de segurança.
O governo norte-americano vem tentando organizar uma nova força de paz para o Haiti, e pediu novamente que o Brasil a comandasse, mas o governo Lula rejeitou. Em entrevista à Reuters, no ano passado, o assessor especial Celso Amorim afirmou que o Brasil não teve apoio para políticas de desenvolvimento que julgava essenciais para que o país não caísse de novo na violência, e por isso não iria de novo assumir essa responsabilidade.
Os Estados Unidos conseguiram, em negociações na ONU, reunir uma força que será comandada pelo Quênia, mas que ainda não entrou em ação. O Brasil se prontificou a ajudar com treinamento e com tecnologias de programas sociais.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Brasília)
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