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A possibilidade de extinguir a jornada de trabalho em escala 6×1 tem mobilizado brasileiros. Uma pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, e divulgada na última sexta-feira (27), aponta que 49% dos brasileiros avaliam a medida como ótima ou boa para a economia, enquanto 24% a consideram ruim ou péssima. Para 22%, o impacto seria regular, e 5% não souberam opinar. O levantamento entrevistou 2.002 pessoas, com margem de erro de dois pontos percentuais.

A proposta, que viralizou nas redes sociais a partir do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), está em discussão na Câmara dos Deputados pela proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e divide opiniões entre trabalhadores e empresários.

De acordo com o Datafolha, 72% acreditam que o fim da escala 6×1 melhoraria a qualidade de vida dos trabalhadores e 64% dos entrevistados apoiam as alterações na legislação. Na contramão, 42% avaliam que a medida pode trazer consequências negativas para as empresas, enquanto 35% a veem como positiva e 19% preveem um efeito regular.

A pesquisa também destacou diferenças significativas entre grupos:

Gênero: 70% das mulheres apoiam a redução da jornada, contra 40% dos homens.

Idade: Jovens entre 16 e 24 anos são os mais favoráveis (81%), enquanto 48% dos entrevistados com 60 anos ou mais são contrários.

Renda: 68% dos entrevistados com renda de até dois salários mínimos apoiam a redução. Já entre aqueles com renda acima de cinco salários mínimos, 43% se opõem.

Cor: O apoio é maior entre pessoas pretas (72%) e pardas (66%), comparado a brancas (59%).

A diferença de opinião também reflete preocupações setoriais, como apontou Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do FGV Ibre, em entrevista à Folha: “Mudanças drásticas podem prejudicar empresas menores, especialmente no setor de serviços, que é intensivo em mão de obra”.

Rio de Janeiro (RJ), 15/11/2024 - Manifestantes reúnem-se em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6x1, na Cinelândia
Rio de Janeiro (RJ), 15/11/2024 – Manifestantes reúnem-se em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6×1, na Cinelândia. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A proposta central em debate é a PEC de Hilton, que sugere uma jornada de 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias. Segundo Naercio Menezes Filho, pesquisador do Insper, o modelo 4×3 poderia melhorar a qualidade de vida, mas uma transição para o modelo 5×2 seria mais viável economicamente.

“A redução abrupta pode trazer impactos severos para as empresas, mas dois dias de folga seriam um avanço significativo para o trabalhador”, argumentou.

A pesquisa também revela apoio transversal à proposta. Entre eleitores de Lula (PT) em 2022, 73% aprovam a redução, enquanto 53% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PL) também são favoráveis. Apesar disso, há divergências sobre como a jornada deve ser definida: 58% acreditam que ela deve ser regulamentada por lei, enquanto 39% defendem negociações entre patrões e empregados.

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