A chave de ouro do ano em que o Brasil virou um país fake, onde tudo é falso como uma nota de 3 reais, foi a “entrevista” do motorista Queiroz ao SBT, o último ato de um teatro de circo mambembe.
No picadeiro, fica uma gente esquisita que bate palmas pra ver louco dançar na platéia, gritando “Mito! Mito! Mito”, sem perceber que a lona está pegando fogo.
Só podia ser mesmo no SBT de Silvio Santos, aquela ilha de fantasia brega do “Baú da Felicidade” (a felicidade do dono, é claro).
O que foi aquilo? O cara ria sozinho na cara da repórter, nem ele acreditando no que falava.
Debocharam da nossa cara em horário nobre e tenho certeza que muitos seguidores fanáticos do homem que veio combater a corrupção vão achar que foi isso mesmo, compra e venda de carros usados, qual é o problema?.
Que maravilha! Com tantas doenças que ele até se perdeu ao falar de todas, não tinha mesmo condições de depor no MP. Só tinha forças pra falar com a repórter fake do SBT.
O que o MP e a PF estão esperando para decretar uma condução coercitiva do indigitado motorista, ou no Brasil fake isso não vem mais ao caso, depois que Sergio Moro ficou com o Coaf?
Um detalhe que escapou nesta história toda: o levantamento do Coaf sobre a movimentação financeira de Fabrício Queiroz, o ex-super-assessor dos Bolsonaro, refere-se a apenas um ano.
E o que aconteceu nos muitos outros anos todos em que ele serviu no gabinete de Eduardo Bolsonaro na Alerj?
Não seria o caso de fazer um levantamento completo para saber quantos carros ele comprou e vendeu neste período?
Sobram mil outras perguntas a fazer a Queiroz, mas parece que o MP e a PF, sempre tão expeditos em outros casos, não têm pressa.
As inacreditáveis imagens do capitão reformado e presidente eleito, lavando roupa e brincando com um facão, em seu retiro na restinga militar da Marambaia, servem como pano de fundo funesto desta pantomina a que o país assiste resignado.
Se era para ser assim, poderiam ter votado logo em Silvio Santos de uma vez, que pelo menos é mais engraçado, embora também patético e grosseiro.
Nem o mais delirante autor de ficção da emissora dele seria capaz de criar uma história tão inverosímel, mas que é real no Brasil fake de 2018.
Acredite quem quiser. Queiroz não é laranja.
POR RICARDO KOTSCHO, jornalista
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