A ex-candidata a vice Manuela D’Ávila concedeu uma entrevista ao Página12.
– Como você imagina os próximos anos?
-O que virá para o Brasil será difícil. Serão anos muito mais cruéis e muito mais privatizadores do que aqueles que vivemos com Fernando Henrique Cardoso. Bolsonaro fará coisas que não vimos.
-Mas você não pode saber disso porque parece que Bolsonaro está improvisando…
– Você pode dizer tudo sobre Bolsonaro, exceto que ele mentiu porque quase nunca falou. Ninguém sabe o que vai fazer porque não tem uma proposta. Ele não disse nada, não participou dos debates. E, quando estava participando, antes da facada que sofreu, afirmou que ainda não tinha planos, que não entendia de economia porque não é economista e que não sabia o que ia fazer com a saúde. Bolsonaro é um tweet, ele não fala mais do que 140 caracteres.
– Qual você acha que foi a principal fraqueza do PT nessas eleições?
– Acho que nosso principal erro foi não conseguir estabelecer diálogos com as pessoas sobre os motivos da crise econômica ou, por exemplo, a necessidade de identificar práticas sexistas e racistas para transformá-las. Quer dizer, acho que perdemos algumas batalhas pelo significado. E é por isso que confiamos, por exemplo, no absurdo das notícias falsas em que ninguém acreditaria, e não foi assim.
-Uma das primeiras coisas que Bolsonaro fez foi nomear o juiz Sérgio Moro como ministro da Justiça. As práticas do Lawfare são verdadeiras?
Acho que é a coisa mais fácil de entender dentro do que essas eleições foram. No entanto, o que é alarmante é o cinismo explícito nesta nomeação. Porque Moro – pertencente ao judiciário e tendo a obrigação de garantir justiça no Brasil – afirma que agiu de acordo com interesses políticos e não parece problematizar isso.
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