Deputado é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora. Perda de mandato ainda pode ser contestada e passará pelo plenário
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (28/8), por 15 votos favoráveis, 1 voto contrário e uma abstenção, a cassação do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em 2018.
A decisão sobre a perda de mandato agora segue para o plenário da Casa. A defesa do parlamentar pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que terá o prazo de cinco dias úteis para validar a decisão tomada pelo Conselho de Ética. Como a Casa está com um calendário especial de sessões, a eventual votação na CCJ pode ficar para a segunda semana de setembro, onde está programado o próximo “esforço concentrado” no período eleitoral.
A deputada Jack Rocha (PT-ES), relatora do caso, apresentou parecer favorável à cassação. No voto, a parlamentar ressaltou que o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) evidencia uma “prática ilícita”. Afirmou também que a acusação fere a imagem da Câmara dos Deputados.
“A análise dos fatos e das evidências sugere fortemente que o representado mantinha relação com as milícias no Rio de Janeiro”, declarou a relatora no parecer.
Jack também disse que a posição contrária de Marielle às milícias foi uma das causas do assassinato.
“A oposição de Marielle Franco, as atividades ilegais das milícias e as suas propostas políticas contrárias aos interesses de Chiquinho Brazão fornecem uma motivação clara para o assassinato, portanto, a imputação de que o representado é um dos mandantes da morte de Marielle Franco é verossímil e sustentada por evidências significativas.”
O pedido de cassação foi apresentado pelo PSol, partido ao qual a vereadora era filiada. A sigla pede que Chiquinho perca o mandato por quebra de decoro parlamentar e suposto envolvimento no crime.
Chiquinho disse ser “inocente”
Chiquinho e o irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), são apontados pela Polícia Federal (PF) como mandantes da execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ambos estão presos.
De acordo com a PF, a execução da vereadora teria sido motivada em razão da discussão a respeito de grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro. Ainda segundo a corporação, Chiquinho Brazão defenderia a regularização de áreas dominadas pela milícia carioca.
Da prisão, o deputado Chiquinho Brazão participou da reunião do Conselho de Ética por videoconferência nesta quarta-feira (28/8). O congressista voltou a dizer que é inocente e que era amigo da vereadora assassinada.
“Gostaria de iniciar dizendo que sou inocente, completamente inocente. A Marielle era a minha amiga. As votações minha e dela coincidem, nós votávamos juntos”, argumentou o parlamentar no discurso de defesa.
O advogado de defesa de Chiquinho, Cleber Lopes, alegou que, independentemente de o cliente ser acusado ou não, o fato é anterior ao mandato do deputado, e não pode ser considerado quebra de decoro parlamentar.
“Se vale para o Janones, vale para o Chiquinho também”, destacou o advogado, citando o caso da suspeita de rachadinha do deputado André Janones (Avante-MG).
Na ocasião, o caso foi arquivado pelo Conselho de Ética, sob o argumento de que a suspeita não era sobre este mandato, e sim o anterior, portanto não se enquadrava em quebra de decoro.
O advogado pediu que o processo fosse arquivado por seis meses, até que a investigação na Justiça seja concluída. Também defendeu que a tese de eventual quebra de decoro antes do mandato seja acolhida. Os deputados, no entanto, seguiram com a discussão e votação do parecer da relatora.
Jack argumentou, em seu parecer, que a quebra de decoro se enquadra no caso de Brazão, porque há indícios de que os irmãos estavam tentando obstruir as investigações.
Quer ficar por dentro do que acontece em Taguatinga, Ceilândia e região? Siga o perfil do TaguaCei no Instagram, no Facebook, no Youtube, no Twitter, e no Tik Tok.
Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Ceilândia, Taguatinga, Sol Nascente/Pôr do Sol e região por meio dos nossos números de WhatsApp: (61) 9 9916-4008 / (61) 9 9825-6604.
- Gleisi: “não haverá paz com impunidade para quem atentou contra a democracia. Sem anistia”
- Tribunal de Haia emite mandado de prisão contra Netanyahu por crimes de guerra e contra humanidade
- Brasileiro é racista para 59% da população, diz Datafolha
- Organização criminosa: PGR quer denunciar Bolsonaro unindo tentativa de golpe, joias e fraude em vacinas
- Chuvas intensas acendem “alerta de perigo” na maior parte do país; veja previsão