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Estadão dá manchete, no início de anoite, à decisão de Jair Bolsonaro de “dar” mais R$ 1,5 bilhão para os chamados “ministros fura-teto” – Rogério Marinho, Tarcísio de Freitas, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos – gastarem em obras no ano que vem e que vão fazer um “bolo” de R$ 6,5 bilhões para obras: R$ 3,3 bilhões distribuídos aos deputados e senadores para pequenas obras de apelo eleitoral e R$ 1,6 bilhão para Desenvolvimento Regional e Infraestrutura, cada um.

Nem se discuta a questão do “teto de gastos” ou o que isso deixe de espaço para Paulo Guedes achar migalhas para acrescentar ao “Mini Bang” que será oferecido, se e quando sair, pelo Renda Brasil.

Observemos apenas o que representam diante de dinheiro que não vai entrar na economia como este ano.

Até agora, entre Auxílio Emergencial, subsídio à suspensão de contratos de trabalho, redução de jornada, diferimento de impostos – que será “osso” esperar que sejam honrados sem longos parcelamentos – já foram a perto de R$ 600 bilhões. Cem vezes mais do que aquilo que estes investimentos podem representar em emprego e injeção de recursos na economia.

Até o final do ano, com as prorrogações de auxílio em curso e as que se promete fazer, deve-se chegar a perto de R$ 1 trilhão em déficit fiscal que virou dinheiro na veia da sociedade.

Não haverá este dinheiro em 2021 e o resultado será um forte impulso recessivo, que qualquer um imaginará se pensar que , sejam R$ 800 bilhões o que falte, serão mais de 8% do Produto Interno Bruto que saem de circulação ou terão de ser injetados de outra forma.

O cenário – desastroso, mas compreensível – do resultado do déficit público primário, no próximo ano perderá apenas a condição de compreensível.

Já disse aqui que o auxílio emergencial e os demais subsídios de 2020 são como as “rodinhas” da bicicleta que está devagar, quase parando. Em 2021 não haverá rodinhas e, certamente, a bicicleta não estará em velocidade muito diferente.

E nós estamos nos preocupando com o “excesso de velocidade”, quando o problema é a falta dela.

Por Fernando Brito

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