“Eu acho pouco 80%, mas acho muito se a gente considerar a tradição do Ensino Fundamental nesse país”, ponderou o presidente
Em 2023, 56% das crianças brasileiras atingiram o nível de alfabetização estabelecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) para o segundo ano do ensino fundamental. Esses dados, que sinalizam uma recuperação ao patamar anterior à pandemia de Covid-19, foram divulgados no 1º Relatório de Resultados do Indicador Criança Alfabetizada. A apresentação ocorreu nesta terça-feira (28), durante uma reunião do presidente Lula (PT) com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e governadores no Palácio do Planalto.
Durante o evento, os governos estaduais e federal firmaram o compromisso de até 2030 chegar ao patamar de 80% das crianças alfabetizadas na idade certa na rede pública de ensino. Em seu discurso, o presidente parabenizou os governantes pelo compromisso, mas refletiu sobre a necessidade de chegar ao patamar de 100% das crianças alfabetizadas. “O que vocês estão fazendo aqui é mais que um acordo federativo. Estão fazendo história. É importante que a gente anote: em 28 de maio de 2024, os governadores e prefeitos deste país, junto com o governo federal, assumiram o compromisso de alfabetização, de chegar a 80% de crianças alfabetizadas na idade certa. E não é uma coisa tão gloriosa. Por que não 100%? Se vocês imaginassem que em 2019 que a gente tinha 55%, não era um número bom. Vamos ser francos. Para quem é deputado, prefeito, senador, presidente, governador, não tem nenhum motivo de orgulho você constatar que em 2019 você só tinha 55% das crianças alfabetizadas na idade certa. E com a pandemia caiu para 36%. Agora a gente voltou para 55%. Ou seja, em 2024 a gente voltou para 2019, o que já é um feito extraordinário”.
Lula disse considerar a meta de 80% “pequena”. “O que nós estamos propondo? Que até 2030 a gente chegue pelo menos a 80%. É uma coisa nobre mas uma coisa pequena. A gente precisa chegar a 100%. Não tem sentido a gente explicar para qualquer ser humano do planeta que nesse país as crianças não se alfabetizam quando estão na escola. A gente vai acompanhar todos os municípios, todos os estados, a gente tem informação e a gente não vai acompanhar para ficar fazendo concorrência entre quem fez mais e quem fez menos. A gente vai acompanhar para ir orientando e discutindo junto como é que a gente melhora aquilo que não está bem e como é que a gente divulga aquilo que está bem para que outros possam seguir aqueles passos e que a gente possa chegar em 2030 com 80%”.
“Eu acho pouco 80%, mas acho muito se a gente considerar a tradição do Ensino Fundamental nesse país. Quando a escola era para poucos, você tinha uma escola de qualidade extraordinária – se você pegar os grandes quadros desse país, todos são oriundos de escolas públicas. Quando você universaliza o ensino, o que aconteceu? Uma parte da sociedade saiu da escola pública, porque não tinha a qualidade exigida, foi para a escola particular, e ficou a parte mais pobre da população com a escola pública. A gente só vai trazer a classe média para a educação pública no Ensino Fundamental quando a gente melhorar a qualidade da educação. Quando a gente melhorar, mesmo a pessoa de classe média vai preferir colocar seu filho em uma boa escola pública do que colocar em uma particular”, acrescentou.
O presidente encerrou o discurso citando Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira: “Paulo Freire dizia que ‘educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo’. E nós estamos assumindo o compromisso de transformar pessoas, para que essas pessoas transformem o mundo com educação de qualidade, da creche ao ensino universitário”.
Com informações do Brasil 247
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