“Passar a boiada” não foi imagem figurada do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na famosa reunião ministerial que teve o vídeo divulgado por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Salles e seu indicado para dirigir o Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Eduardo Bim, agiram contrariamente aos objetivos dos órgãos para os quais foram indicados pelo presidente Jair Bolsonaro.
É a famosa “aparelhagem” de que tanto falaram os bolsonaristas, colocando instituições do Estado em defesa de objetivos da extrema-direita. Isso fica claro no áudio gravado pela Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, reproduzido na CPI da Pandemia.
Relatório da Polícia Federal enviado ao STF, por força do cargo ocupado por Ricardo Salles, resultou na Operação Akuanduba, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O documento fala em “crimes já configurados” de Bim na direção do Ibama. Na terça-feira de Carnaval de 2020, Bim assinou despacho autorizando exportação de madeira apenas com guias florestais emitidas por governos estaduais, geralmente fáceis de fraudar.
Técnicos do Ibama dizem que 3 mil cargas de madeira foram exportadas depois disso. A PF investiga se dentre estas cargas estão toras de madeira que haviam sido apreendidas em fiscalizações anteriores do Ibama.
Houve confusão nos portos de chegada da madeira brasileira, que estavam acostumados a liberar a carga apenas com as autorizações do Ibama. Uma carga foi apreendida no porto de Savannah, Geórgia, quando a fiscalização local ficou em dúvida sobre a documentação. A empresa dona da madeira é a Tradelink.
Autoridades locais dizem que farão testes nas toras para detectar se são da mesma origem geográfica. A suspeita é de que as cargas exportadas misturassem madeira extraída ilegalmente a toras retiradas da floresta com autorização.
O STF tirou Bim provisoriamente do cargo e suspendeu o despacho.
Sobre Salles paira a dúvida sobre a movimentação bancária do escritório de advocacia do qual ele é sócio. A PF afirma ter encontrado “movimentação atípica”.
Salles, Bim e o governo Bolsonaro negam todas as irregularidades. O presidente agiu contra o delegado da PF que participou das investigações, Alexandre Saraiva, que era superintendente do Amazonas e foi transferido para Volta Redonda.
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