A Operação “Luz na Infância” deflagrada pela Polícia Federal e pela Polícia Civil hoje, 28 de março, aterrorizou o Campus da Universidade de São Paulo (USP) pela manhã. Policiais trajando coletes, fuzis e intimidando alunos e professores tomaram o prédio do Curso de Letras e de Ciências Sociais e Filosofia do Campus.
A intimidação foi brutal. Professores foram acusados de quererem ser cúmplices ao perguntarem por que a truculência e onde estava o mandado. Um aluno foi apontado diretamente por um dos policiais durante uma aula e, sem qualquer evidência, definido como o procurado. Não era. O aluno foi para o Hospital Universitário (HU) com ansiedade e pânico.
Quando identificado o procurado, alguém definido apenas como “Léo” ou “Leonardo”, durante a aula de Introdução aos Estudos Literários, a docente foi intimidada. Pediu o mandado e os policiais a intimidaram, lembrando que andavam em grupos de quatro policiais civis e federais. Todos armados. A docente pediu que esperassem a diretora da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Seu pedido nem foi considerado e o aluno levado de forma totalmente agressiva de dentro da sala.
O ocorrido logo se espalhou pelos corredores da faculdade. Alunos que estavam nas salas nas quais a polícia entrou ficaram com muito medo e muitos foram embora traumatizados. Nos corredores só se falava sobre a brutalidade e truculência com que trataram todos os alunos e professores durante a operação. Todo o sistema digital da USP foi desativado, possivelmente em ligação com a operação.
Desde 2011, a reitoria da USP mantém um contrato com a Polícia Militar no campus. Isso foi um ataque total à liberdade de toda a comunidade uspiana, que desde então sofreu com repressão policial, inclusive com tropas de choque em ataque direto aos alunos. A quebra do regimento interno da USP, que é uma autarquia que tinha certa liberdade para ensino, pesquisa e extensão, foi determinante para o medo de alunos, funcionários, professores e pessoas que frequentam a universidade. Com razão: diversos enfrentamentos se deram desde então, com gás lacrimogênio, processos e prisão de alunos.
A ofensiva do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro cada vez toma mais características fascistas. No caso da cidade de São Paulo a ameaça é tríplice: um fascista como presidente, um fascista como governador e um coxinha como prefeito, acabam tornando a cidade, na prática, em um local constantemente em estado de sítio. Vahan Agopyan, reitor da universidade, é capacho desse grupo de fascistas.
Após o golpe de 2016, ficou claro que a direita não arredará o pé sem mobilização popular. É preciso defender a universidade pública, a previdência social sob o controle dos trabalhadores, saúde pública e todos os direitos da classe operária e alunos de conjunto, num esforço para derrotar o golpe, Bolsonaro e todos os golpistas.
Essa reportagem contou com depoimentos de alunos, professores que viram todo o acontecido.
Abaixo, nota da Diretoria da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas:
Nota da Diretoria sobre a ação policial na FFLCH
Diretoria da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
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