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Este blog, ontem, botou o dedo na ferida: por que não se via militares brasileiros atuando no resgate de pessoas – ainda que apenas corpos –  no desastre da barragem da Vale em Brumadinho?

Pergunta que só hoje ocorreu à imprensa fazer e o Estadão a fez ao Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que respondeu candidamente que os “Militares não estão na linha de frente porque governo de MG não solicitou“.

Reproduzo, literalmente, o título pelo escândalo que representa.

O governador de Minas teria pedido, disse ele, que os militares não entrassem porque “a área é restrita, sensível e que há pouco espaço para manobra”.

General, com todo o respeito, conte outra, por favor. Ainda que Zema, por absurdo que se admita, tenha dito isto, caberia ao senhor propor uma organização que permitisse ter o máximo de socorristas atuando, em especial nas primeiras horas, quando são maiores as chances de resgate com vida.

O trecho atingido pela lama tem pelo menos 10 km de extensão e centenas de metros de largura. Não se tratava apenas de definir uma área para receber a ação militar para que não houvesse “bateção de cabeça”?

Um, dois, meia dúzia de pessoas ou de corpos resgatados para serem devolvidos às famílias já teria valido a pena.

As Forças Armadas têm unidades de elite especializadas em socorro, a mais conhecida delas o Parasar, da FAB (para, de paraquedistas, e sar, de “search and rescue”, busca e salvamento em inglês).

É óbvio que governador nenhum ia recusar estas tropas, como não ia recusar simples soldados que ajudassem, no mínimo, a ajudar numa eventual necessidade de evacuar a cidade, como aconteceu ontem, no alarme de rompimento iminente de uma segunda barragem. O que a gente via eram ruas vazias, sem homens que orientassem as pessoas, acordadas no fim da madrugada, sobre para onde deveriam ir.

Diante disso, não é nenhum delírio pensar que os militares brasileiros ficaram na retaguarda para dar destaque ao socorro de militares israelenses – muito bem vindos, é certo  – que certamente não foi o governador de Minas quem pediu, mas Jair Bolsonaro.

É inacreditável que os militares brasileiros sejam submetidos ao papel de “fantasmas-propaganda” de politicagem com Israel num desastre destas dimensões.

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