youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais


Condenado por três a zero pelo TRF-4 na última quarta-feira a 12 anos de prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se consagra e entra para a História como o maior líder político de todos os tempos no Brasil. Na prática, ao recorrer aos tribunais para bani-lo da vida pública, a direita nacional reconheceu sua própria incapacidade de derrotá-lo nas urnas e de conquistar o coração do povo brasileiro. Esta, aliás, foi a razão do golpe de 2016. Quando as forças derrotadas em 2014 vislumbraram a volta de Lula em 2018, o que daria ao PT um ciclo de vinte anos de poder, trataram rapidamente de buscar atalhos, sabotando a democracia.

Com seu martírio, Lula repete agora a história de seu predecessor Getúlio Vargas. Em 1954, Getúlio foi levado ao suicídio pelas mesmas forças – mídia, direita raivosa, entreguistas e imperialismo internacional – que hoje sacrificam Lula. Getúlio dizia que só sairia morto do Catete e, ao se matar, adiou em dez anos o golpe de 1964. Lula hoje afirma que só sairá morto das ruas. Ou seja: transfere para as praças e avenidas o verdadeiro espaço de poder. Portanto, mesmo que seja banido para que as oligarquias tenham nas eleições de 2018 um simulacro de democracia, Lula será um ator decisivo. Até porque quem sai condenado de Porto Alegre é o povo brasileiro, tolhido em sua soberania.

Os próximos passos de Lula já foram anunciados: uma viagem à África, para um evento de combate à fome no mundo, e caravanas pelo Brasil. Contra ele, a direita tem agora uma arma nas mãos, que é a ameaça de prisão. Numa linguagem simples, o que os donos do poder oferecem a Lula é uma chantagem escancarada: ou desiste da candidatura ou vai em cana. Uma mensagem simbólica que também é endereçada a todo o povo brasileiro, para que fique no seu devido lugar e não ouse sair da senzala. Repete-se com Lula o que ocorreu com Tiradentes. Ao enforcá-lo, esquartejá-lo e salgá-lo, a Coroa Portuguesa mandou seu recado aos brasileiros: jamais voltem a sonhar com independência.

Lula lembrou, no entanto, que os pobres brasileiros já sabem como é gostoso comprar um carro, comer carne de primeira, viajar de avião e frequentar universidades. Ou seja: o projeto inclusivo de país que começou a ser plantado em 2002 tem raízes sólidas e profundas. O desafio de toda a esquerda agora é incorporar à luta de massas todos aqueles que estão ameaçados pelo golpe das elites contra o povo, especialmente os pobres e pretos das periferias. A violência institucional cometida contra Lula, no momento em que o Brasil é governado por Temer, Cunha e Aécio, foi tão escandalosa que pode fazer germinar uma verdadeira revolução popular. Desde que o povo assuma seu protagonismo histórico.

LEONARDO ATTUCH

Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste