“A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva seria coroada no dia 1º de janeiro de 2003, em sua primeira posse na Presidência da República”, destaca o jornalista
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Demoraram breves 62 anos para que o menino que fugiu da miséria nordestina com a família em um caminhão pau-de-arara chegasse à tribuna do Parlamento Europeu. Essa é a história que quero contar aos meus netos e bisnetos.
A vida dele começou a mudar em preto-e-branco, foi aos 9 anos, em 1954. Pendurado em um caminhão pau-de-arara ao lado da mãe, Eurídice, e oito irmãos, deixou Guaranhuns, onde nascera em 1945, em 27 de outubro.
Durante a viagem, dormiram sob o caminhão, alimentado-se de farinha, rapadura e queijo até alcançarem Vicente de Carvalho, no Guarujá, em São Paulo, próximo de onde o pai da família havia chegado antes e encontrado outra mulher, abandonando Eurídice, ou “Dona Lindu”, como foi chamada até o fim.
Ele queria ser jogador de futebol, amava o Corinthians, mas começou a vida como trabalhador aos 12, vendendo tapioca, amendoim e laranja nas ruas de Vicente de Carvalho.
Dois anos depois, a família se muda para um quarto nos fundos de um bar no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
Aos 12 anos, o primeiro emprego. Foi em uma tinturaria. Depois, foi engraxate e office-boy. Aos 14 anos, o primeiro emprego com carteira assinada, Armazéns Gerais Colúmbia. Não tardou e fez um curso de torneiro-mecânico no Senai e conseguiu emprego na fábrica de Parafusos Marte .
No emprego como operário, aos 18 anos, fazia hora extra de madrugada e cochilou enquanto trabalhava em uma prensa de metais, que os esmagava como manteiga. Foi o que ela fez com um de seus dedos, que o cansaço esqueceu no câminho do êmbolo da máquina.
Eis que chega a ditadura militar. Em 1966, arrumou emprego nas Indústrias Villares, em São Bernardo do Campo. No mesmo ano, conheceu Maria de Lourdes, a primeira esposa, que morreu no parto um ano depois por falta de atendimento médico adequado.
No mesmo ano, um de seus irmãos o convenceu a entrar para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde acabou eleito para integrar a diretoria. Em 1975, tornou-se presidente pela primeira vez – do sindicato. No final dos anos 70, já era conhecido internacionalmente por liderar mais de 100 mil trabalhadores contra a ditadura.
Em 1980, fundou o Partido dos Trabalhadores, indignando a classe patronal, a burguesia, a mídia e o que restava da ditadura.
Conciliador desde sempre, era visto como radical por pregar que os trabalhadores pudessem falar por si mesmos. A política brasileira, então, era dominada por gente rica e instruída, até mesmo na esquerda.
A ditadura prendeu Lula por um mês inteiro, naquele ano em que fundou o PT. Foi condenado a três anos de prisão para não poder liderar o sindicalismo, mas a sentença acabou revogada sobretudo por pressão internacional.
Lula disputou sua primeira eleição em 1982, para o governo do Estado de São Paulo, e em 1986 foi eleito deputado federal e ajudou a escrever a Constituição de 1988. Ao contrário do que dizem seus inimigos, trabalhou por ela e a assinou, apesar de críticas à sua deformação pelo então recém-nascido Centrão, um ajuntamento de reacionários de direita.
Em 1989, assustou a elite candidatando-se à Presidência da República pela primeira vez. Perdeu por pouco para Fernando Collor de Mello, que subornou uma ex-namorada com quem ele tinha tido um filho para que mentisse sobre ele na TV, sendo desmentida até pela filha que gerou com ele.
Lula perdeu aquela eleição pela margem ínfima de 6% dos votos.
Em 1994, enfrentou Fernando Henrique Cardoso e perdeu no primeiro turno. FHC havia implantado no Brasil uma versão do Plano Cavallo (1991), um pacote de estabilização monetária na Argentina, coordenado pelo então ministro da Economia do país, Domingo Cavallo, no governo de Carlos Menem.
Em 1998, FHC impôs a terceira derrota a Lula acusando-o de pretender desvalorizar o real, se fosse eleito – a dolarização da economia faria com que desvalorizar o real quebrasse grande parte da população. Quem desvalorizou, porém, foi FHC – no primeiro mês do segundo mandato.
Se a história o nosso personagem terminasse no início de 2003, o roteiro holliwoodiano estaria completo. A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva seria coroada no dia 1º de janeiro de 2003, em sua primeira posse na Presidência da República.
Em 2006, reelegeu-se com votação ainda maior que em 2002. Venceu o hoje vice-presidente Geraldo Alckmin com 77% dos votos válidos graças a ter promovido melhora das condições de vida inédita em toda a história do Brasil, o que ficou evidenciado pelas pesquisas de opinião quando deixou o poder em 2010, com 87% de aprovação.
Lula seria preso em 2018 graças a uma fraude judicial de um juiz que o prendeu para eleger o primeiro presidente declaradamente fascista da história brasileira e virar seu ministro. A imprensa internacional destacou a fraude contra Lula denunciada pela ONU e a volta por cima do presidente.
Antes de se tornar presidente pela terceira vez, em um momento inédito na história da República, Lula fez um périplo pelo mundo e foi homenageado em toda parte, sendo aplaudido de pé no Parlamento Europeu, por todos os países da região.
A história continua…
Com informações do Brasil 247
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