Em encontro com ex-ministros de FHC e ex-secretários de Alckmin, Lula e participantes destacam papel da frente ampla para vencer Bolsonaro no primeiro turno e reconstruir o país
Foto: Ricardo Stuckert
Um encontro de forte sinalização política pela frente ampla em apoio à chapa Lula-Alckmin aconteceu nesta terça-feira (27) em São Paulo. Ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso e ex-secretários do então governador Geraldo Alckmin, entre outras lideranças de destaque da sociedade civil, formalizaram apoio ao ex-presidente reforçando a necessidade de que sua eleição aconteça ainda no primeiro turno.
Primeiro convidado a falar, o economista André Lara Rezende, que fez parte do governo de FHC, declarou: “Essa frente é da maior importância neste momento, é uma tentativa de o Brasil voltar à normalidade democrática”. Além disso, defendei a “a eleição imediata para que possamos passar a pensar logo no futuro e não continuar por mais algumas semanas penosas de uma campanha agressiva e raivosa no país”.
O ex-senador tucano Aloysio Nunes Ferreira afirmou que o encontro “traz pessoas que representam, cada uma em sua atividade, o que foi feito de melhor no Brasil desde a constituinte”. Após listar uma série de políticas públicas criadas nos mandatos do PT e do PSDB, afirmou que os vários partidos ajudaram a construir “um patrimônio comum do povo brasileiro; e temos hoje uma ameaça ao fundamento desse patrimônio comum, que é a democracia, e a ele mesmo por alguém que representa a antítese de tudo isso”.
Por outro lado, enfatizou, “temos a candidatura de Lula e Alckmin, que traz esperança e segurança de que esse tempo sombrio vai passar”. Ele também reforçou que a vitória “tem de ser já, não vamos deixar essa pessoa ferida de morte, nas convulsões finais, mas com a caneta na mão podendo criar grandes transtornos e precisamos, por outro lado, começar desde já, desde o dia 2, a trabalhar pensando em construir o futuro”.
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O ex-embaixador Rubens Ricupero destacou que se Tancredo Neves estivesse vivo, “certamente estaria aqui com a gente porque ele representava esse espírito de ampla aliança nacional”. Ele fez um apelo pela refundação da Nova República, “ferida de morte por esse governo que agoniza”.
A ex-secretária de estado Cláudia Costin salientou a importância de haver um compromisso com a educação para a democracia e para os direitos humanos. “Sem isso, não construiremos um país mais justo”, disse.
Paulo Sérgio Pinheiro apontou que a eleição de Lula e Alckmin “tem o significado de reconstruir os direitos humanos na sociedade” e completou dizendo que o atual governo “pôs abaixo tudo o que foi construído” e “tratou a sociedade civil como inimiga”.
Bresser Pereira rememorou o papel de Franco Montoro, Tancredo, Ulisses Guimarães e Mário Covas na luta pela democracia e destacou: “estamos com o povo, que precisa dramaticamente de apoio”.
Também estiveram presentes, entre outros: José Carlos Dias, Celso Amorim, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Elias Rosa, João Carlos Meireles, Marcos Belizário, Paulo Sérgio Pinheiro, Eduardo Moreira, Gabriel Chalita, Heloisa Arruda, Silvio Torres, Pedro Tobias, Floriano Pesaro, Fábio Feldmann, Helio Silva, Marcos Vinicius Petrelluzzi, Eduardo Viola, Rui Falcão, José Luiz, Penna e Alexandre Schneider.
Chapa da esperança
Ao falar durante o encontro, o ex-governador e candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), um dos responsáveis pela articulação da reunião, classificou o encontro como “histórico” e lembrou que assim como agora, “no período da ditadura, também estávamos do mesmo lado, da democracia e do povo”. Ele destacou a necessidade dessa união para a reconstrução do país e completou: “não é possível ter um governo que combata as instituições permanentemente”.
Alckmin também salientou ainda que “ganhar no primeiro turno é bom para o Brasil, para a economia, para o social”. O ex-governador paulista elogiou Lula por sua forte liderança popular e pelo “dom da proximidade com o povo”.
Ao encerrar o ato, Lula lembrou que a aliança com Alckmin se deve muito a Gabriel Chalita e Fernando Haddad. Após relatar como se formou a parceria, brincou: “e ainda enriquecemos a culinária brasileiro oferecendo a receita de uma nova comida: lula com chuchu”. Lula destacou que a aliança foi “a coisa mais acertada que fizemos” e recordou o papel estratégico de José Alencar como seu vice em 2002.
“Nossa relação com o PSDB”, disse, “sempre teve altos e baixos, mas quando as pessoas falam de polarização como está acontecendo hoje, eu costumo dizer que feliz era o Brasil quando a polarização era entre PT e PSDB. Porque havia debates, divergências, mas ninguém era inimigo”.
Ao falar da disputa atual, pontuou: “Vamos ganhar de Bolsonaro, mas o bolsonarismo vai continuar existindo e precisamos derrotá-lo no debate político, na discussão sadia”.
Na sequência, Lula declarou que “quando a gente foi inteligente e soube se juntar, a gente ganhou as coisas”, lembrando das duas eleições de Mário Covas com a participação do PT e de Marta Suplicy com apoio do PSDB . E salientou que nunca encarou o PSDB como inimigo, mas sim como adversário.
A democracia, afirmou, “não é um pacto de silêncio, não é ficar de cabeça baixa concordando com todo mundo. A democracia é a sociedade fazendo barulho, reivindicando, fazendo marcha, porque se não, o governo não se mexe”. Lula salientou que o país tem “uma Constituição poderosa” e que a constituinte foi “o melhor momento histórico do Congresso pela pressão da sociedade”.
Lula voltou a criticar o orçamento secreto e novamente defendeu derrubar os sigilos de 100 anos estabelecidos por Bolsonaro, se colocou contrário ao teto de gastos e disse que vai reconquistar o protagonismo do Brasil no cenário internacional. O ex-presidente disse, ainda, que “a fome não pode esperar, ela é feia” e “vamos cuidar disso”.
O ex-presidente salientou, por fim, que governar “significa tomar decisão, significa escolher um lado para quem quer fazer e normalmente, na história desse país, sempre se escolheu o lado de quem não precisa do Estado e quem precisa fica sempre na expectativa”.
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