Os países do Sul Global perceberam que se trata de uma alternativa excelente para se ampliar a cooperação e adensar as relações multilaterais, diz Marcelo Zer
Brasil saiu maior da reunião do BRICS · Ouvir artigo
Como era de se esperar, o êxito da reunião do BRICS e a anunciada expansão desse bloco vem atraindo a ira de quem quer ver o Brasil alinhado a um dos polos da nova Guerra Fria.
De acordo com alguns comentaristas conservadores, a China saiu “vitoriosa”, pois abriram-se as portas para a expansão do bloco. E o Brasil teria saído “menor”.
Ainda segundo esses comentaristas, com “o sinal verde para Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Argentina e Etiópia entrarem no Brics, será mais difícil segurar a intenção da China, e também da Rússia, de empurrar o grupo de emergentes crescentemente para um foro antiocidental”.
Ora, é exatamente o contrário. São os EUA e alguns aliados que veem a China e outros membros do BRICS como ameaça. A mentalidade arcaica de Guerra Fria, que hoje circula em muitos ambientes, inclusive em nossa mídia, está sendo implementada pelo chamado Ocidente. Não pela China, pela Rússia ou pelo Sul Global.
Saliente-se, ademais, que Brasil, Índia e África do Sul tem relações muito boas com os EUA e Europa. Mesmo a China procura manter, pragmaticamente, boas relações com o Ocidente. A hostilidade está do outro lado.
Quanto aos novos membros, à exceção do Irã, são também países que não têm relações difíceis com o Ocidente. A Arábia, Saudita, diga-se de passagem, é um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio.
Há de se perguntar porque tantos países estão querendo aderir ao BRICS. Já há mais de 40 pedidos para aderir ao bloco. Não se trata, evidentemente, de imposição ou pressão da China.
É que os países do Sul Global perceberam que se trata de uma alternativa excelente para se ampliar a cooperação e adensar as relações multilaterais. Aumentar investimentos, comércio e cooperação em geral.
E essa cooperação, ao contrário do que acontece com a OCDE e outras instituições vinculadas ao G7, não vem acompanhada de exigências ideológicas ou macroeconômicas.
Não, há, por exemplo, exigências draconianas quanto a regimes políticos.
Esse é um limitador que restringiria a cooperação a uma meia dúzia de países, se formos levar em conta os parâmetros de publicações ocidentais.
Parâmetros, como o do último Democracy Index, elaborado, em 2022, pela The Economist Intelligence Unity (EIU).
Segundo essa publicação, somente 24 países do mundo, entre os 167 pesquisados, seriam “democracias plenas” (full democracies). O resto se divide entre as categorias de “democracias imperfeitas” ou falhas (flawed democracies), “regimes híbridos” (hybrid regimes) e “regimes autoritários” (authoritarian regimes).
Ainda segundo a The Economist, a maior parte da população do planeta não vive em democracia. Noventa e cinco países, que somam quase 55% da população do globo vivem em regimes “híbridos” ou “autoritários”. Na África, no Oriente Médio e no resto da Ásia, as democracias, mesmo as imperfeitas, seriam raras exceções. Na América Latina, as “democracias plenas” se circunscreveriam ao Uruguai, Chile e Costa Rica.
Portanto, se nos guiarmos pelo o que dizem os EUA e aliados europeus, o Brasil teria uma política externa medíocre e extremamente limitada. Uma política alinhada automaticamente a um dos polos da nova Guerra Fria, que a maior parte do mundo rejeita. Teríamos de ter presença muito reduzida na África, no Oriente Médio e na maior parte do Sul Global. Aliás, o próprio Brasil, segundo a The Economist, não é uma “democracia plena”.
O êxito da reunião e a expansão do bloco é uma demonstração de quanto o mundo mudou.
Como bem assinalou o presidente Lula, desde a primeira Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, nossa participação na economia global vem se ampliando.
Já ultrapassamos o G7, e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra.
Projeções indicam que os mercados emergentes e em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos.
Segundo o FMI, enquanto os países industrializados devem desacelerar seu crescimento de 2.7%, em 2022, para 1.4% em 2024, o crescimento previsto para os países em desenvolvimento é de 4% neste ano e no próximo.
O mundo mudou, ocorreram significativos câmbios geoeconômicos e geopolíticos e surgiram novos atores de relevo no cenário internacional.
Essa nova ordem é irreversível.
Países emergentes do Sul Global constituem o novo polo dinâmico da economia global. E natural, portanto, que as nações queiram a ele aderir.
O Brasil foi o principal fundador do BRICS e sempre apostou nele como alternativa para a construção de um mundo mais cooperativo, multilateral, multipolar, próspero, simétrico e pacífico.
O BRICS não é contra ninguém, ao contrário do que afirmam os que acreditam numa nova Guerra Fria. É a favor a união dos povos, assim como o Brasil.
Ao apostar no BRICS, na integração regional, na reaproximação à África e em outros vetores de uma política externa universalista e soberana, que não é hostil a ninguém, o Brasil só se engrandece. Cresce, aos olhos do mundo.
Já quem aposta na lógica arcaica, hostil e excludente da nova Guerra Fria apenas manifesta obsolescência e pequenez.
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