O senador Roberto Requião (PMDB-PR) concedeu entrevista nesta quinta-feira (24) discorrendo sobre a greve dos caminhoneiros e a sua pré-candidatura à presidência da República pelo MDB. Na opinião do parlamentar, se o Brasil tivesse governo, Pedro Parente, presidente da Petrobras, já teria sido demitido. “Ou nem teria sido indicado”, comenta.
A paralisação que atingia 25 Estados e o Distrito Federal e afetava indústrias, o abastecimento de combustíveis e de alimentos, foi suspensa por 15 dias após um acordo fechado com o governo na noite desta quinta. O senador disse apoiar a greve e denunciou que Parente está fechando as refinarias de petróleo e colocando o Brasil nas mãos de acionistas.
“Se o Brasil tivesse governo, ele já estaria demitido. A estatal se resumirá em breve numa empresa que vende óleo cru para os Estados Unidos e compra o produto final de volta a preços altíssimos”, afirma.
Requião comenta as alianças promíscuas envolvendo o governo brasileiro e os Estados Unidos. “A troco de que a Petrobras está pagando palestra do juiz Sérgio Moro nos EUA? A estatal está sendo dirigida para acabar com a soberania nacional”, acusa.
Questionado sobre o caráter conspiratório da greve, Requião considera que intenções neste sentido podem ocorrer, mas o movimento ganhou grandes proporções. “A ação é composta por autônomos e também é um lock out, a atual situação prejudica patrões e trabalhadores. Esta greve serve para derrotar Parente e mostrar que esse modelo de gestão da Petrobras está completamente equivocado”, justifica.
O senador acrescenta que a mobilização precisa desfazer todas as atrocidades cometidas pelo golpe. “Não basta tirar Pedro Parente, tem que ter uma limpeza geral com o referendo revogatório”, defende.
Requião se diz preparado para disputar as prévias do MDB que indicará o presidenciável da sigla. “Sou candidato à presidência da República pelo MDB, se o partido ainda existir. Eu me coloquei à disposição para a base do partido, dando uma chance àquele MDB velho de guerra do passado, uma oportunidade de o partido se recuperar. Temos a obrigação de ter uma candidatura nacionalista e desenvolvimentista”, esclarece.
Ele afirma que a posição de apoio a Lula permanece intacta. “Considero correta a determinação do PT em manter a candidatura do ex-presidente até o fim. Lula tem força o suficiente para revogar todos os estragos que foram feitos”, observa.
Contexto global
O senador alerta para um risco que afeta todo o mundo. “Precisamos de eleição e um projeto claro, pois o capital financeiro está avançando no mundo e criando um poder incomensurável. O Brasil precisa enfrentar essa questão”, alerta.
Na luta pela hegemonia internacional, Requião considera que os Estados Unidos estão tentando salvar sua soberania no mundo. “É uma disputa de supremacia pelo capital financeiro sediado nos Estados Unidos. Quando esse capital vai para China, deixa estadunidenses desempregados e explora mão de obra chinesa”, explica.
O senador contextualiza os desdobramentos da crise no Brasil e não descarta uma guerra civil no país. “Os trabalhadores são demasiadamente explorados e os excluídos, que aumentam cada vez mais, são considerados e tratados como lixos”, conclui.