Advogados do ex-ocupante do Palácio do Planalto ainda buscam uma audiência com o ministro Alexandre de Moraes para tratar sobre o tema
(Reuters) – A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro informou nesta quarta-feira que entregará eletronicamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) os esclarecimentos pedidos pelo ministro da corte Alexandre de Moraes a respeito das duas noites dormidas pelo ex-mandatário na embaixada da Hungria em Brasília dias após ter tido o passaporte apreendido em operação da Polícia Federal.
“Em cumprimento ao despacho do ministro Alexandre de Moraes, tendo em vista o recesso da Suprema Corte na data de hoje, a defesa do presidente Jair Bolsonaro protocolará por meio eletrônico a petição sobre os esclarecimentos relativos à ida do presidente à embaixada da Hungria”, disse o advogado Fabio Wajngarten em publicação na rede social X. “A defesa reitera o desejo de despachar pessoalmente com o ministro a fim de elucidar por completo toda e qualquer especulação fantasiosa sobre o tema”, acrescentou.
Moraes havia dado prazo de 48 horas, na segunda-feira, para Bolsonaro se explicar ao Supremo sobre a estadia na embaixada da Hungria, após o jornal New York Times revelar, com base em imagens de câmeras de segurança e de satélite, que o ex-presidente ficou de 12 a 14 de fevereiro na representação diplomática do país europeu.
O jornal norte-americano tratou o episódio como “uma aparente tentativa de obtenção de asilo” por parte de Bolsonaro. Caso o ex-presidente estivesse na embaixada húngara e a Justiça determinasse sua prisão, agentes da PF não poderiam entrar na representação diplomática da Hungria para prendê-lo, pois o local é protegido pela legislação e está fora da jurisdição das autoridades brasileiras.
Segundo uma fonte com conhecimento da investigação, a Polícia Federal está produzindo um relatório sobre o caso para enviar ao STF. A defesa do ex-presidente confirmou, em nota oficial, que Bolsonaro se hospedou na embaixada da Hungria por dois dias em fevereiro, afirmando ter recebido um convite, “para manter contatos com autoridades do país amigo”.
Bolsonaro é aliado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de extrema-direita, com quem já trocou elogios públicos no passado. Ambos se encontraram no fim do ano passado durante a posse do presidente da Argentina, Javier Milei, também de extrema-direita, em Buenos Aires.
Após a revelação da estadia de Bolsonaro na embaixada húngara, o Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, para prestar esclarecimentos sobre o episódio. A embaixada da Hungria em Brasília não respondeu a um pedido de comentário da Reuters.
Na operação da PF em que Bolsonaro teve seu passaporte retido, também foram alvos, além do ex-presidente, aliados próximos, como os ex-ministros da Defesa Paulo Nogueira Batista e Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; todos generais da reserva; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos; e o presidente do PL, partido do ex-presidente, Valdemar Costa Neto.
Na mesma ocasião, também foram presos preventivamente o ex-assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro Filipe Martins e Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Com informações do Reuters
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