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Diretora do Ipec, ex-Ibope, considera, na prática, que candidatura Moro é inviável, pois o tema corrupção não comove mais: o tema é a fome

247 – Márcia Cavallari compõe, ao lado de Marcos Coimbra, do Vox Pupuli, a dupla de pesquisadores e analistas de opinião pública mais experientes do país. Ela lidera o Ipec, instituto de pesquisa que sucedeu o Ibope. Em entrevista a O Globo, ela afirma que os eleitores pobres do país estão voltando “às origens, a Lula, e abandonando Bolsonaro. Ela aponta também a situação dramática e praticamente inviável da candidatura do ex-juiz suspeito Sergio Moro e dos candidatos da chamada Terceira Via.PUBLICIDADE

Sobre os eleitores pobres, Cavallari afirmou: “De modo geral, Bolsonaro está perdendo um eleitor que já foi de Lula e do PT em um momento anterior. Com tudo o que mobilizou a campanha de 2018, que teve um forte apelo anticorrupção e um mote de ir contra o status quo, esse eleitor saiu do PT e foi para o Bolsonaro. Agora, ele retorna às origens, de certo modo”.

A diretora do Ipec praticamente decretou a morte da candidatura Moro: “Só a bandeira da corrupção não será suficiente para um candidato crescer, até porque essa pauta perde força hoje frente a outros problemas. Fome e miséria aparecem hoje entre os cinco principais problemas do país para os eleitores, algo que não acontecia desde 2002 nas pesquisas. Não é que o brasileiro não se importe com corrupção, mas um discurso monotemático nessa área não bastará”.

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Por fim, demonstrou, por uma soma simples, como a chamada Terceira Via está emparedada por Bolsonaro e só tem chance de ele desmoronar: “O desafio atual da terceira via, que não é simples, é ter votação mais alta do que Bolsonaro. Vamos supor que o mínimo dele seja 19%, que é hoje seu patamar de aprovação. Então, esse candidato da terceira via teria que ultrapassar este número. Só que, somados, todos os outros candidatos marcaram 17% na pesquisa de dezembro. E há pouco espaço para crescer no eleitorado que vota em branco ou nulo, que hoje está em 9%. Este é o patamar de brancos e nulos que historicamente aparece na eleição. Ou seja, para crescer, o candidato da terceira via tem que tirar votos de Lula ou de Bolsonaro”.