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Ministro mencionou a medida da ditadura ao acusar o ex-presidente de incitar o povo a “quebrar a rua”

Paulo Guedes e Lula (Gabriela Biló/ Estadão Conteúdo/ Carl de Souza/ AFP/VEJA)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, condenou nesta segunda-feira discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que falou em polarizar o país ao deixar a prisão. Guedes classificou Lula como “irresponsável” e vê o petista chamando “todo mundo para quebrar a rua”. Em coletiva de imprensa realizada em Washington, o ministro disse a jornalistas que “não se assustem se alguém pedir o AI-5” diante desse cenário.

“É irresponsável chamar alguém pra rua agora pra fazer quebradeira.  Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo o mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”, disse Guedes.

O ministro não é o primeiro membro do governo a mencionar o AI-5 – ato inconstitucional que fechou o Congresso e cassou liberdades durante a ditadura – como uma resposta possível a uma eventual radicalização da esquerda. Há pouco menos de um mês, o deputado federal Eduardo Bolsonaro deu declaração semelhante. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a afirmação do filho.

Grevistas da Petrobras

Mais cedo, Guedes sugeriu que demitiria os grevistas da Petrobras se a estatal fosse uma empresa privada comandada por ele. “Você tem excelentes salários (na Petrobras), bons benefícios, você tem quase estabilidade de emprego e tenta usar o poder político para tentar extrair aumento de salário no momento em que há desemprego em massa? Se fosse uma empresa privada e eu fosse o presidente de uma empresa privada, eu sei o que eu faria”, afirmou o ministro. “Cheio de gente procurando emprego e tem gente que fica fazendo greve?”, criticou o ministro, em entrevista coletiva em Washington.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante de uma parcela dos empregados da Petrobras, entre eles os trabalhadores das plataformas instaladas na Bacia de Campos, manteve a decisão de realizar uma greve de cinco dias a partir desta segunda-feira. A reivindicação é pela valorização da segurança e emprego dos trabalhadores, que, segundo a entidade, está em risco por conta das demissões dos últimos anos.

Segundo o sindicato, algumas unidades da refinaria Rlam, instalada na Bahia, podem parar entre a noite desta segunda e terça-feira por falta de revezamento de turnos.

O ministro disse que o governo não estuda a privatização da Petrobras e nem articula demissões dos grevistas, mas que o posicionamento sobre a situação atual dos petroleiros é a sua “reação natural”.

“O que eu sei é que a Petrobras foi destruída e eles (petroleiros) estavam trabalhando lá, deveriam ter evitado a destruição da Petrobras. Tomara que eles estivessem bem alertas nesse tempo todo para merecer o aumento (salarial)”, disse o ministro.

Após intervenção de um repórter que afirmou que os grevistas não são os integrantes da direção da empresa – que tomaram medidas decisórias na época do escândalo de corrupção que atingiu a Petrobras, o ministro seguiu: “Por que não houve uma greve na época para parar o assalto na Petrobras?. Petroleiros deveriam estar celebrando a recuperação financeira da empresa. Quando ela estava quebrada ninguém pediu para abaixar o salário, né?”.

Guedes participou hoje em Washington do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA. A reunião de 20 executivos de empresas que atuam nos dois países foi retomada depois do encontro do presidente Jair Bolsonaro com Donald Trump, em março, e tem como objetivo identificar pontos em que os dois países podem facilitar comércio e investimentos.

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