Todos os textos e ilustrações do livro lançado pela Fiocruz Brasília foram feitos por alunos do 6º ao 9º ano da rede pública de ensino no Distrito Federal
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Manuellita (E) se inspirou na mãe (D), que se formou na primeira faculdade de medicina do Brasil – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Mulher, negra e nordestina, Manuellita Hermes Rosa Oliveira Filha superou inúmeras adversidades e construiu uma jornada acadêmica inspiradora, tornando-se uma importante pesquisadora no mundo jurídico, com ênfase em igualdade e justiça racial. Formada em direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Manuellita deu continuidade aos estudos na Universidade de Roma Tor Vergata, onde realizou seu mestrado com uma pesquisa comparativa sobre a liberdade de circulação de trabalhadores entre a União Europeia e o Mercosul.
Sempre dedicada ao conhecimento e à pesquisa, Manuellita concluiu o doutorado de maneira conjunta entre uma universidade italiana e a Universidade de Brasília (UnB), onde apresentou uma tese que analisava o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro em diálogo com práticas e decisões de Cortes internacionais.
Hoje, a jurista é procuradora federal na Advocacia-Geral da União (AGU), posição que ocupa desde 2007, e atua como docente colaboradora no curso de direito da UnB. Segundo a advogada, sua força vem do exemplo: sua mãe se formou na primeira faculdade de medicina do Brasil, em um momento em que a presença feminina e negra ainda era raridade. “Na minha família, sempre foi ensinado que o estudo e a ciência são o nosso grande instrumento de mudança”, afirmou.
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Assim como Manuellita, outras 14 pesquisadoras atuantes no Distrito Federal também tiveram suas trajetórias contadas no livro Histórias no DF para inspirar futuras cientistas. A obra é uma iniciativa do projeto Mais meninas na Fiocruz Brasília, que desde 2020 realiza ações para incentivar a participação de meninas na ciência, inseridas no contexto de atividades organizadas pela instituição. “Eu me sinto extremamente grata e honrada. Esse livro é um projeto muito válido e importante. Infelizmente, nós, mulheres, enfrentamos algo que nos atravessa: a invisibilidade, e ele oferece justamente a visibilidade que precisamos, reconhecendo as mulheres que se dedicam à ciência em diversas áreas”, declarou Manuellita após o lançamento da obra literária.
O livro
Segundo Fernanda Marques, idealizadora da iniciativa, o livro foi inspirado na obra Histórias para inspirar futuras cientistas, idealizada pela Fiocruz nacional. “Boa ideias devem ser multiplicadas, então pensei: por que não trazer essa ideia para o âmbito do Distrito Federal?”, conta Fernanda. Porém, a realização braziliense trouxe mais um destaque: todos os textos e ilustrações foram feitos por alunos do 6º ao 9º ano da rede pública de ensino no DF.
Fernanda explica que a ideia surgiu a partir da dificuldade de escolher apenas 15 cientistas entre tantas que possuíam trajetórias e projetos tão interessantes. “A solução foi deixar que os próprios jovens escolhessem as pesquisadoras que os inspiraram e contassem as histórias. Dessa forma, o livro tornou-se verdadeiramente de jovens para jovens, com uma linguagem e uma visão alinhadas à perspectiva delas”, compartilhou.
A iniciativa também contou com o apoio da Secretaria de Educação para divulgar a chamada pública que convocava professores a trabalharem com seus alunos em grupos de até três estudantes. “A parceria com a Fiocruz já acontece há alguns anos, visando a popularização da ciência. Nesse projeto em especial, o objetivo foi ampliar as oportunidades de participação das nossas estudantes por meio de um edital de chamamento. A Secretaria de Educação atuou na divulgação do edital, mobilizando professores e estudantes para que participassem, e também colaborou na avaliação dos trabalhos apresentados”, explicou Claudimary Pires chefe da Unidade Articuladora de Educação Básica da Subsecretaria de Educação Básica. Ao todo, foram submetidas 23 produções, que foram criteriosamente avaliadas.
Elaine Matos, professora do Centro Educacional de Ensino Fundamental 8 do Guará, foi responsável por orientar as alunas Anna Klara Almeida, 15, Ester Souza, 15, e Thayla Nunes, 14, durante a produção do texto e ilustração que homenageiam a procuradora Manuellita. De acordo com a profissional da educação, o projeto pode abrir caminhos. “Recebi a chamada por meio de um memorando na escola e, ao ler o edital, fiquei interessada pela linguagem acessível e diversa, ideal para o perfil dos nossos alunos. O tema já era trabalhado em sala e, como estudamos juntos os gêneros textuais e a biografia, estávamos prontos para participar. Este ano, ao concluírem o nono ano, elas encerram um ciclo com perspectivas de futuro, e essa participação é um incentivo para explorarem carreiras científicas e pensarem no vestibular”, afirmou.
Próximos passos
O livro foi lançado nesta sexta-feira (25/10), em uma cerimônia na Fiocruz Brasília, que reuniu as pesquisadoras homenageadas, professores e os alunos responsáveis pelos textos. Ele estará disponível em PDF a partir da semana que vem no site da Fiocruz Brasília e será distribuído em atividades de divulgação científica da instituição.
Cada estudante e professor orientador dos 15 projetos selecionados recebeu um kit escolar durante o lançamento. Agora, as obras participarão de uma votação popular na página @fiocruzbrasilia, em 5 de novembro. Os três trabalhos mais votados ganharão prêmios adicionais: os professores terão a oportunidade de visitar o Museu da Vida e outras iniciativas científicas da Fiocruz no Rio de Janeiro, com passagens e diárias custeadas pela instituição. Os estudantes receberão bolsas de R$ 300 mensais para participar de atividades de divulgação científica, que incluem encontros sobre o papel das mulheres na ciência e visitas a acervos.
Os estudantes também poderão criar novos textos e ilustrações para um futuro volume da série Histórias no DF para Inspirar Futuras Cientistas. Em 2025, as escolas dos trabalhos mais votados realizarão atividades de divulgação científica em parceria com a Fiocruz Brasília, alinhadas aos interesses e demandas da comunidade escolar. A iniciativa visa promover o conhecimento científico.
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