Presidente da Embratur — que quando era deputado estadual no Rio presidiu uma CPI sobre essas quadrilhas — mostra que são as conexões com o Legislativo e com o Executivo que dão força aos criminosos
Freixo presidiu uma CPI e teve um irmão morto pelos milicianos – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
As milícias que tomaram contas de vastas áreas do Rio de Janeiro não somente nasceram apadrinhadas pelas conexões políticas, mas cresceram exatamente porque nos poderes Executivo e Legislativo fluminense há quem as proteja. A afirmação é do presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, que quando era deputado estadual presidiu a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj).
“A milícia não nasceu no cárcere. A origem está nas relações políticas, com setores da polícia dominando. O começo é no poder: domínios, territórios de interesse e eleição política. Não tem como falar da milícia sem falar da política. É um evento, uma consequência do tipo de política que se desenvolveu e se tornou hegemônico, infelizmente, no Rio de Janeiro”, lamentou, na entrevista que concedeu, ontem, ao programa CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
Segundo Freixo, a omissão dos consecutivos ocupantes do Palácio Guanabara permitiu que essas quadrilhas de policiais avançassem e se tornassem um poder de difícil contenção. “Na CPI das Milícias, conseguimos chegar à prisão de mais de 240 chefes. Todos foram presos. O relatório apresentou uma série de propostas, para tirar deles o domínio econômico e o domínio territorial. Esta parte não foi feita, pois interessava politicamente a alguns que não fosse feita. Então, há responsabilidade de um setor da classe política. Assistimos no Brasil a criminalização da política, mas, no Rio de Janeiro, foi o contrário — foi a politização do crime”, acusou.
Freixo teve um irmão assassinado pela milícia — “sei o que é uma família ser destroçada pela violência e por esse, especificamente, crime organizado”, frisou. Mas o presidente da Embratur reconhece que o abandono de várias áreas da capital e do estado do Rio de Janeiro são fatores facilitadores para a presença de quadrilhas. Elas surgem a pretexto de fazer aquilo que o poder público não faz, cobram por isso e depois tornam essas populações reféns, inclusive, nas eleições.
“O tráfico é tão organizado quanto, mas a milícia tem um elemento singular que deve ser debatido e compreendido por quem não mora no Rio de Janeiro. Foi muito grave o que aconteceu (na segunda-feira). Tem que pegar quem incendiou ônibus e quem mandou incendiar, mas tem que pegar, também, uma estrutura de poder do crime, que envolve uma economia local e um projeto de poder eleitoral”, adverte.
Como presidente da Embratur, Freixo alerta que o episódio de segunda-feira — quando 35 ônibus foram queimados na Zona Norte carioca por causa da morte do número 2 de uma milícia que domina a região — é péssimo para a imagem do Rio de Janeiro e para o turismo na cidade e no estado. “É ruim para o turista, é ruim para a imagem do Brasil. Mas é pior ainda para quem mora ali e não consegue voltar para casa. Além de ser vítima, cotidianamente, de um crime que se estabeleceu desde o início dos anos 2000”, observou.
Com informações do Correio Braziliense
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