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O ministro da Justiça, Sergio Moro, tem ouvido de aliados e amigos conselhos para sair do governo enquanto é tempo. Traduzindo: chutar o balde e demitir-se com o discurso de que Jair Bolsonaro abandonou as promessas de combate à corrupção. Seria uma forma de Moro, seguidamente desautorizado e atropelado no governo, sair com a imagem menos chamuscada, garantindo um emprego que lhe dê visibilidade política – o secretariado paulista de João Dória.

A leitura hoje em Brasília é de que situação de Moro se resolve nos próximos dias, sobretudo à luz da decisão presidencial sobre os vetos à Lei do Abuso de Autoridade. Se Bolsonaro concordar em vetar vários artigos e desidratar a matéria, como recomenda o ministro, as aparências podem ser salvas na Justiça e Moro vai ficando.

Caso contrário, ou seja, se o presidente vetar apenas o artigo relativo ao uso de algemas e pouca coisa mais, Moro terá que pegar o boné e se retirar. Há quem diga que ele já pavimentou esse caminho nos últimos dias nos ofícios que mandou ao colega Paulo Guedes reclamando que os recursos destinados à pasta no orçamento de 2020, que será mandado ao Congresso até o fim do mês, inviabilizam o trabalho na segurança pública.

Entre a cruz e a caldeirinha, já que o Congresso prepara represálias a eventuais vetos na Lei do Abuso, Bolsonaro ainda não se decidiu. Mas o mais provável, segundo assessores, é que ele ceda a Moro para evitar o desgaste de ver o ministro sair atirando de seu governo. Apesar de desgastado com a Vaza Jato, o ex-juiz ainda conserva popularidade e pode provocar um estrago.

Até porque a pesquisa CNT/MDA divulgada hoje confirma a acelerada perda da popularidade presidencial nesses oito meses. A avaliação negativa do governo já beira os 40% – um acréscimo de 20 p.p de fevereiro para cá. A avaliação positiva  caiu quase 10 p.p, de 38,9% para 29,4%. A esta altura, somada à crise amazônica, uma eventual demissão de Moro seria desastrosa para Bolsonaro.

Por Helena Chagas, no Divergentes, e para oJornalistas pela Democracia –

 

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