A força-tarefa da Lava Jato estava “com sangue na boca” e condenou Lula às pressas para tirá-lo do jogo político. A afirmação é do ex-delegado da Polícia Federal Paulo Lacerda a uma extensa reportagem publicada nesta quarta (8) pela Agência Pública.
Funcionário de carreira da instituição desde os anos 70, Lacerda chefiou a reestruturação promovida durante o governo Lula. Em 2003, o ex-presidente autorizou um repasse de US$500 milhões à instituição. A verba garantiu combustível, viaturas, equipamentos, sedes modernas e mais servidores à PF.
Lacerda presidiu a Polícia Federal entre 2003 e 2008 e testemunhou diversas idas e vindas na abertura de investigações contra políticos. Conforme o texto, ele é uma das vozes solitárias a criticar os exageros da operação, citando o caso do líder petista. “Para julgá-lo rapidamente, o tribunal furou a fila. Antes do processo do tríplex, havia mais de cem casos esperando para entrar na pauta”, disse ele ao repórter Vasconcelo Quadros.
Foi sob o governo Lula que a sede da PF em Curitiba foi construída. Na ocasião da prisão, ele lembrou o fato a colegas. “Se não fossem os grandes investimentos [do governo Lula], dificilmente teria havido a Operação Lava Jato. É uma grande ironia do destino: hoje o ex-presidente Lula é o mais ilustre dos presos da PF em Curitiba”, escreveu para um grupo de quase 1000 delegados no WhatsApp.
Ele também analisa a mudança no papel no Ministério Público, que se juntou aos protestos difusos de 2013 e, a partir da derrubada de uma emenda parlamentar, passou a liderar investigações nos casos de maior repercussão.
Da Agência PT de Notícias, com informações de Agência Pública