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O ex-ministro da Fazenda do governo Temer, Henrique Meirelles, com apenas 1% nas pesquisas, está disposto a financiar “integralmente” sua campanha presidencial -quantia que pode chegar a R$ 70 milhões, de acordo com a legislação, se o MDB não entrar com algum. Em entrevista aos jornalistas Claudia Safatle e Raymundo Costa, do Valor Econômico, Meirelles disse que “a fase de sangue e lágrimas já foi superada” -para o ex-ministro e ex-banqueiro nunca houve. Multimilionário, apenas em 2016, às vésperas de se tornar ministro de Temer, Meirelles recebeu R$ 217 milhões a título de “consultoria”. Entre 2012 e 2016, como presidente do conselho de administração da J&F, a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista recebeu outros R$ 180 milhões.

A entrevista do ex-ministro de Temer tem momentos de puto nonsense. Responsável direto pela emenda constitucional que estabeleceu o teto aos gastos sociais do governo pelos próximos 20 anos e que está causando uma devastação na vida dos mais pobres do país, ele disse que tal emenda não teria estabelecido teto de gastos, mas “piso”: “Ao contrário do que dizem os adversários, nós fixamos um piso para a saúde e antecipamos recursos para saúde e educação. Colocamos um piso e não um teto” Em outro momento, afirmou: “Eu sou totalmente favorável ao aprofundamento e ampliação do Bolsa Família”. Não foi perguntado ao ex-ministro como é possível ser favorável ao programa depois de ter eliminado mais de 4 milhões de pessoas do Bolsa Família (aqui) entre 2017 e 2018.

O valor da fortuna de Meirelles é um mistério. Boa parte dela permanece no exterior, longe das vistas da sociedade. A última vez em que divulgou publicamente seu patrimônio foi em 2002, quando concorreu ao cargo de deputado federal. Naquela época, ele possuía R$ 45 milhões declarados. Além das “consultorias”, Meirelles recebe mensalmente R$ 250 mil do do Bank of America Merrill Lynch, a título de aposentadoria (aqui). Como ministro, recebia salário de R$ 30.934,70. Nem toda fortuna foi suficiente para que ele abrisse mão do “auxílio moradia” de R$ 7.733,68. Meirelles decidiu parar de receber o benefício apenas em outubro de 2017, quando decidiu sair candidato.

Essas questões não forma objeto da entrevista do Valor. A conversa com os repórteres serviu para Meirelles atacar duramente Dilma, tentar se apropriar da herança dos governos Lula (apesar de não ter sido perguntado nem tomado a iniciativa de falar sobre a prisão do ex-presidente) e cutucar seus concorrentes do campo da direita. Criticou Bolsonaro (a quem deu nota 1), Marina (nota 2) e Alckmin. Meirelles atacou a ideia de uma coalizão da direita, por saber que não seria o escolhido: “o que há até agora, na realidade, é uma articulação tentando criar um bloco de centro para negociar. Agora isso já está tendo dificuldades, já estão rachados”.

Nem Temer escapou do estilo de aparência melíflua do ex-ministro, que procura, agora, manter distância de seu ex-chefe:

Pergunta: O presidente Michel Temer vai participar da sua campanha?

Resposta: Ele é presidente da República e compete a ele definir as suas prioridades. Na minha campanha as portas estão abertas para todos os apoiadores.

P: O senhor já conversou com ele sobre isso?

R: Não. Ele é presidente e sabe o que faz.

 

Você pode ler a íntegra da reportagem aqui.