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UGT, CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CSB divulgaram nota em que se colocam dispostas a atuar como “mediadoras na busca de acordo que solucione o caos social” provocado por bloqueio de estradas

As centrais sindicais UGT, CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CSB divulgaram hoje (25) uma nota conjunta em que se colocam dispostas a atuar como “mediadoras na busca de um acordo que solucione o caos social” decorrente da greve dos caminhoneiros e do anúncio do presidente Michel Temer de usar forças federais para desbloquear as estradas.

“A proposta do governo de convocar as Forças Armadas como instrumento de repressão é querer apagar fogo com gasolina”, dizem as entidades. A solução “só acirra o conflito e dificulta uma solução equilibrada”, acrescenta a nota. Um acordo deve, segundo elas, levar em conta a justa reivindicação dos trabalhadores e as necessidades do país. O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, conversou o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha, sobre o teor da nota. Até o final da tarde, as centrais não receberam resposta sobre a proposta de mediação.

O movimento que bloqueia as estradas e já provoca grave desabastecimento de combustíveis continua porque as propostas não contemplaram a pauta de reivindicação dos caminhoneiros. Segundo a TecBan, empresa que administra caixas 24 horas, os caixas eletrônicos podem ficar desbastecidos se faltar combustível para os carros-fortes. Nota da Confederação Nacional de Saúde (CNS) informa que em alguns hospitais faltam produtos e insumos vitais para a manutenção dos serviços e segurança dos pacientes.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, é inaceitável que o governo recorra à violência, ameaçando utilizar o Exército para reprimir um movimento que tem reivindicações justas e que dialoga com a população. “Essa situação só chegou a esse ponto por conta da incompetência do governo em negociar seriamente com os manifestantes quando enviaram a pauta de reivindicações.”

Para ele, a solução do impasse deve ser alcançada pacificamente. “O governo deve sentar à mesa e negociar com seriedade, respeitando todos os representantes dos movimentos.”

Em nota, a CUT reforçou o apoio aos caminhoneiros e exige que o governo mude a política de preços da Petrobras que acompanha as cotações internacionais do barril de petróleo e do dólar.

“A CUT apoia a paralisação nacional dos caminhoneiros, que estão realizando um movimento legítimo e justo pela redução dos preços do óleo diesel, e exige que o governo mude sua política de preços dos combustíveis que tem provocado aumentos abusivos também no gás de cozinha e na gasolina”, diz a nota.

Os representantes da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), que representa cerca de um milhão de trabalhadores, abandonaram a reunião na tarde de quinta-feira (25) antes de seu término. O presidente da entidade, José da Fonseca Lopes, disse que a paralisação será mantida até que seja aprovada e sancionada a lei que desonera o diesel do PIS/Cofins e da Cide. Os caminhoneiros acham ainda insuficiente insuficiente a proposta de 30 dias de estabilidade de preços

Em nota à imprensa, a Abcam, em conjunto com cinco federações filiadas, repudiou o acordo realizado entre governo federal e as outras entidades representativas do transporte rodoviário.

Em nome de outras entidades presentes na negociação, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou, também por meio de nota, que os grupos “jamais aceitaram as pressões para suspender a paralisação” e que se comprometeram apenas em apresentar a proposta aos caminhoneiros paralisados nas rodovias para que cada local decida se suspende por 15 dias a mobilização.

“O documento só foi assinado para garantir que o governo manteria aquelas propostas caso a categoria as aceitasse. Nosso papel é o de levar as propostas da categoria para que cada grupo de manifestantes decida”, diz a entidade.

O acordo entre o governo de Temer e lideranças dos caminhoneiros foi anunciado na noite desta quinta-feira (24), no Palácio do Planalto. No início da tarde desta sexta-feira, Temer anunciou o uso de forças federais de segurança para liberar as rodovias bloqueadas pelos caminhoneiros caso as estradas não sejam liberadas pelo movimento.

A paralisação, que começou na segunda-feira (21), já chegou a todos os estados brasileiros e afeta, especialmente, o transporte público e aeroviário, causando transtorno em cidades como Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Os aeroportos de Brasília e Recife já estão sem combustível. No Distrito Federal foram cancelados 11 voos pela manhã e oito na capital pernambucana.

A prefeitura de São Paulo decidiu decretar estado de emergência. A medida permite que a prefeitura faça compras sem licitação, requisite ou apreenda bens privados, como o combustível que esteja estocado em postos de gasolina. Se a situação de desabastecimento persistir, a prefeitura pode decretar feriado municipal.

Municípios de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco também decretaram estado de emergência. Em Caruaru, no agreste pernambucano, a prefeitura decretou a suspensão das aulas da rede pública de ensino, funcionamento dos postos de saúde e redução da coleta de lixo.