No documento, BC abriu espaço para reduzir ritmo de queda de 0,5 ponto percentual da taxa, que vinha ocorrendo desde agosto de 2023
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (26/3), confirmou o que o órgão do Banco Central (BC) pode pisar no freio dos cortes da taxa básica de juros do país, a Selic, a partir de junho.
No último encontro do Copom, realizado na semana passada, entre os dias 19 e 20 de março, a Selic foi reduzida de 11,25% para 10,75% ao ano. Esse foi o sexto corte seguido de 0,5 ponto percentual da taxa – em agosto de 2023, ela estava em 13,75% ao ano.
Depois da decisão, o Copom divulgou um comunicado no qual afirmava que uma nova queda da mesma magnitude (0,5 ponto percentual) poderia ocorrer “na próxima reunião” do comitê, em 7 e 8 de maio. Nos textos anteriores, sempre veiculados após as sucessivas reduções da Selic, o mesmo trecho estava no plural e indicava quedas (também de 0,5 ponto percentual) “nas próximas reuniões” do órgão.
Na prática, a troca do plural pelo singular emitiu um sinal inequívoco ao mercado de um encurtamento do horizonte – e da proporção – dos talhos aplicados aos juros. Essa mudança de ritmo não ocorreria no encontro do Copom marcado para maio, mas a partir do seguinte, agendado para 17 e 18 de junho, e eventualmente nos subsequentes – estão previstas mais quatro reuniões do comitê até o fim de 2024, nos meses de julho, setembro, novembro e dezembro.
Aumento da incerteza
A ata divulgada nesta terça-feira mantém o singular. Ela também justificou o porquê da mudança. Como primeiro pontoo, o documento cita alterações no cenário da economia global: “O Comitê avalia que há maior incerteza nas conjunturas doméstica e internacional. Na conjuntura internacional, o cenário desinflacionário se mostra mais incerto, em função de um contexto de atividade resiliente nos Estados Unidos e seu impacto nas condições financeiras globais. Além disso, os impactos da política monetária sobre a atividade e a inflação também geram incerteza na velocidade da desinflação em diversos países”.
A seguir, trata do panorama da economia nacional: “Com relação à dinâmica inflacionária doméstica, se, por um lado, observamos um comportamento benigno de alimentos e bens industriais, por outro, em função da atividade resiliente e das últimas divulgações, surgem dúvidas na velocidade de desinflação de serviços”.
A ata acrescenta que o Comitê notou que um processo desinflacionário mais lento, tanto domesticamente quanto globalmente, não constitui o cenário-base, mas foi incorporado como fonte de incerteza. “Esse aumento de incerteza prescreve cautela na condução da política monetária”, informou o órgão.
Com informações do Brasil 247
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