Ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, tem distribuído sorrisos a amigos e advogados ao lembrar a proximidade de seu aniversário de 69 anos, no início de março. Paulo Preto é dos poucos que tem interesse em envelhecer. Alvo de pelo menos quatro inquéritos derivados da Operação Lava-Jato, ele estará a um ano de se tornar um septuagenário, quando, pela lei, o prazo de prescrição dos crimes cai pela metade.
Com base nas delações de executivos da Odebrecht, Paulo Preto é acusado de participar de um esquema de corrupção nas obras do Rodoanel de São Paulo, entre 2004 e 2008.
Delatores afirmam que ele pediu dinheiro para o caixa dois das campanhas dos tucanos José Serra e Aloysio Nunes — ambos negam as irregularidades. Paulo Preto é amigo pessoal de Aloysio, hoje ministro de Relações Exteriores. Juristas consultados creem que, pela regra da prescrição, em breve ele só poderá responder por crimes cometidos após 2010. Até hoje não houve denúncia em nenhum dos inquéritos. Paulo Preto só não será beneficiado pela prescrição caso se torne réu este ano. Fontes ligadas à investigação avaliam que isso dificilmente acontecerá.
Embora a estratégia de apostar na prescrição seja corriqueira entre réus por crime de colarinho branco, a situação de Paulo Preto pode se complicar após a descoberta de uma conta atribuída a ele, na Suíça, com R$ 113 milhões.