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Enquanto o Reino Unido já começou a vacinar, Brasil ainda não tem cronograma.


Tire suas dúvidas sobre o novo coronavírus e a covid-19

*Este post será atualizado periodicamente conforme novas informações sobre as vacinas surgirem.Sumário

Quais vacinas estão perto de serem aprovadas?

Neste domingo, 17, a Anvisa aprovou o uso emergencial da CoronaVac e da vacina da Astrazeneca/Oxford no Brasil. A decisão se deu por votação após uma longa exposição da área técnica do órgão dando o aval aos imunizantes. Já a vacina russa Sputnik V teve o pedido de uso emergencial rejeitado.

Há ao menos 210 vacinas contra o novo coronavírus em produção no mundo, segundo a OMS. Em estágio mais avançado estão:

A vacina produzida pelo laboratório Astrazeneca em parceria com a Universidade de Oxford, que será fabricada no Brasil pela Fiocruz;

A CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac e que já está sendo produzida no Brasil pelo Instituto Butantã;

A russa Sputnik V, do Instituto Gamaleya, já aprovada emergencialmente pela Rússia e pela Argentina;

A indiana Covaxin, fabricada pela farmacêutica Bharat Biotech em parceria com o Instituto Nacional de Virologia do país;

A norte-americanas Pfizer, produzida em parceria com o laboratório alemão BioNtech e já aprovada emergencialmente no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita, Israel, México, Chile e nos 27 países da União Europeia.

E a também norte-americana Moderna, produzida em parceria com os Institutos Nacionais da Saúde dos EUA e já aprovada emergencialmente no país e na União Européia.

A aprovação de qualquer vacina passa obrigatoriamente por três fases. A fase 1 testa a segurança em pequenos grupos de voluntários sadios, detectando e quantificando efeitos colaterais. Na fase 2, o teste ocorre em doses diferentes e em número maior de pessoas – algumas centenas. Na fase 3, ocorre o estudo de eficácia. Dessa vez, a vacina é aplicada em milhares de participantes – normalmente entre 1,5 mil e 5 mil pessoas –, e entre populações distintas, de diferentes regiões geográficas e nacionalidades.

Os laboratórios, no entanto, mediram apenas a prevenção contra o desenvolvimento da covid-19 e não contra a infecção pelo coronavírus. Significa que não é possível saber ainda se o medicamento vai impedir o contato com o vírus e a transmissão ou se vai apenas impedir o desenvolvimento da doença. A prova real da eficiência dessas medicações contra o coronavírus só será tirada mesmo quando a vacinação começar.

Segundo a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e membro do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, os cientistas só poderão afirmar a real eficácia das vacinas quando os dados forem submetidos para análise de especialistas e publicação em revistas científicas e a população começar a ser vacinada de fato.

Quando serei vacinado?

A primeira pessoa a ser imunizada no Brasil foi a enfermeira Monica Calazans, 54, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Ela foi vacinada com a CoronaVac neste domingo, 17, logo após a aprovação do uso emergencial da vacina pela Anvisa.

O Ministério da Saúde informou que pretende começar a vacinação em todo o país nesta segunda, 18, começando pelas capitais. O Plano Nacional de Imunização prevê a compra de 350 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para 2021, suficientes para vacinar 175 milhões de pessoas, já que cada pessoa precisa tomar duas doses.

Segundo o plano de imunização, na primeira fase serão vacinados trabalhadores da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e população indígena.

Na segunda etapa, entram pessoas de 60 a 74 anos. Na terceira, serão imunizadas as pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença como portadores de doenças renais crônicas e cardiovasculares.

A quarta e última fase deve abranger professores, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional. Em 1º de dezembro, o Ministério havia incluído a população carcerária na quarta fase, mas três dias depois atualizou a informação no site e excluiu esse grupo. Crianças, gestantes e os demais grupos não foram citados pelo Ministério da Saúde.

As comorbidades consideradas pelo Ministério da Saúde são: diabetes mellitus, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave (IMC>/40).

Não há informações sobre quando pessoas fora do grupo de risco e que não trabalham em áreas essenciais serão vacinadas. Ou seja, se você tem entre 18 e 59 anos, nenhuma comorbidade e não trabalha nas áreas de saúde, educação e segurança, pode-se considerar no fim da fila.

Outra complicação são as agulhas e seringas. O governo demorou a licitar esses insumos, o que pode atrasar ainda mais o processo já que diversos governos estaduais já fizeram encomendas deste tipo e a capacidade de produção das fábricas é limitada. No fim de dezembro, o Ministério da Saúde abriu um pregão para comprar 331 milhões de seringas, mas só conseguiu oferta para 7,9 milhões – 2,4% do total de unidades que a pasta desejava adquirir. Após o fracasso na compra, o governo restringiua exportação de seringas e agulhas alegando que o material é necessário para a vacinação em massa contra a covid-19 e requisitou 60 milhões de seringas às indústrias do setor.

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Todos os brasileiros serão vacinados?

Embora fale em vacinar “todos os brasileiros”, o governo ainda não confirmou quando as pessoas que estão fora dos grupos de risco receberão a imunização. Segundo o Ministério da Saúde, o plano apresentado pelo governo não é definitivo e depende da aquisição de novas vacinas.

Das 300 milhões de doses anunciadas pelo governo federal, o que temos garantido até agora são as 260 milhões de doses e insumos para fabricação da vacina da Astrazeneca/Oxford pela Fiocruz com custo estimado de R$ 1,9 bilhão, e as 6 milhões de doses da Coronavac já produzidas no Brasil. O Ministério da Saúde também ingressou no consórcio internacional Covax Facility e garantiu a aquisição de outras 42 milhões de doses, só que nenhuma das nove vacinas que estão em desenvolvimento por esse consórcio está pronta ainda.

O governo também anunciou que há possibilidade de comprar mais 70 milhões de doses da norte-americana Pfizer, que já foi aprovada pelo Reino Unido, Bahrein e pelo Canadá. Essa vacina, no entanto, precisa ser armazenada a 70 graus abaixo de zero e não há equipamentos que suportem essa temperatura no SUS. Uma das possibilidades é de que a vacina seja armazenada em gelo seco por 15 dias.

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A vacina vai resolver a pandemia?

Ainda não. Para que a vacinação em massa tenha o efeito desejado de reduzir a circulação do vírus, especialistas afirmam que é preciso manter o afastamento social até que boa parte da população mundial seja vacinada. Segundo o presidente do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, João Viola, é preciso vacinar de 40% a 50% da população para alcançar a chamada “imunidade de rebanho”, que ele prefere definir como “imunidade comunitária”.

Se todos os países começassem a vacinar em janeiro, por exemplo, e a vacinação transcorrer sem problemas, seria possível alcançar esse cenário no segundo semestre de 2021. O mesmo cálculo pode ser feito proporcionalmente à população de cada país, mantendo os protocolos já conhecidos de isolamento e outras medidas de prevenção como uso de máscaras.

Mas o governo federal não tem ajudado. Deixando a saúde pública de lado, o general Eduardo Pazuello afirmou no dia 2 de dezembro que não se pode mais falar em afastamento social já que, na avaliação dele, a campanha para as eleições municipais ocorreu com aglomeração e não houve aumento de contaminação. “Se esse vírus se propaga por aglomeração, por contato pessoal, por aerossóis e nós tivemos a maior campanha democrática que podia ter no nosso país, que é a municipal, nos últimos dois meses, se isso não trouxe nenhum tipo de incremento ou aumento em contaminação, não podemos falar mais em lockdown nem nada”, disse o ministro. Isso depois de o presidente Jair Bolsonaro ter desacreditado a vacinação em diversas ocasiões.

Também não há segurança de que as vacinas terão a taxa de eficácia prometida. Para Cristina Bonorino, imunologista e membro do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, esse resultado só será posto à prova quando a população for vacinada. “Meu feeling pessoal é de que deveria se esperar um pouco mais sem acelerar os estudos. Por outro lado, que bom que parecem estar funcionando bem. Não dá para acreditar e nem desacreditar 100%”, afirma.

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Schirlei AlvesPaula Bianchi

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