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Oito integrantes do PT, que também são cristãos evangélicos, gravaram depoimentos expondo a coerência entre a fé cristã evangélica e a luta democrática. Entre eles, Benedita da Silva, e Jorge Messias; confira

Os relatos dos entrevistados são permeados de citações bíblicas e testemunhos da disputa política

A Fundação Perseu Abramo (FPA) acaba de lançar uma série de vídeos que mostram a força da convergência da fé cristã evangélica com a militância no campo progressista, alvos de preconceitos reforçados por informações falsas. Oito integrantes do PT, que também são cristãos evangélicos, gravaram depoimentos expondo a coerência entre as duas vivências e sua potência na construção da justiça social e da democracia.

Testemunhos como da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, fecham a série de materiais produzidos pela FPA, que servem de subsídios para as 32 mil candidaturas petistas nas eleições de 6 de outubro.

“Há pessoas que dizem que não tem evangélico no PT, nós somos fundadores! Nós, evangélicos, temos muito mais em comum com o PT do que possamos imaginar”, salientou Benedita em um dos três vídeos com seus testemunhos que expõem a sincronicidade de sua fé com ação política.

Abordadas em várias falas, as fakenews disseminadas contra o PT e o presidente Lula no meio evangélico foram rechaçadas pelo ministro Jorge Messias e por Benedita.

“Mentira não é coisa de Deus. Muitas mentiras são produzidas para serem penetradas nos meios evangélicos com o único propósito de causar temor e intranquilidade nos nossos irmãos e isso tem infelizmente fins eleitorais. Temos que ter paciência e amor com os nossos irmãos para poder esclarecer o que é verdade, o que é mentira e não deixar que nossos irmãos sejam enganados e manipulados por situações que são mentirosas”, ressaltou, ao lembrar que foi o presidente Lula que criou a lei de liberdade religiosa e sancionou também a Marcha para Jesus.

“Quantas igrejas fecharam no governo Lula? Nenhuma. Quantas igrejas cresceram? Milhares! E ainda falam que Lula vai tomar a casa da gente, mas não existe um governo que fez mais Minha Casa Minha Vida e continua fazendo como o governo Lula”, assinalou a deputada.

O pastor Oliver Goiano, da Igreja Batista da Lagoa (Maricá/RJ) e membro do Núcleo Evangélico do PT afirmou que foi extremamente bem recebido dentro do PT e apontou a postura de Jesus. “Ele sempre foi pela inclusão dos pobres, pela inclusão das pessoas, pela defesa de minorias. Eu não posso falar que Jesus é de esquerda mas, na minha opinião, a esquerda é mais cristã porque a pauta dela é uma pauta da misericórdia, da compaixão, da inclusão do outro”, sentenciou.

Sugestões aos candidatos

Sobre como dialogar com evangélicos, o ex-prefeito de Carapicuíba (SP) Sérgio Ribeiro recomendou que é preciso ouvi-los e acrescentou: “Sabe qual que é a melhor coisa para dialogar com o evangélico? É o petista ser petista, ser PT, falar dos valores éticos que motivaram o surgimento do partido”, reforçou.

Na mesma linha do ex-prefeito, a jornalista batista Nilza Valéria recomendou aos candidatos do PT que não finjam ser o que não são. “Construam um diálogo baseado nas suas propostas. Não tente emular um discurso religioso, não tenham medo de se aproximar. As pessoas evangélicas estão abertas ao diálogo”, afirmou.

Além de Benedita e Messias, gravaram vídeos petistas evangélicos como o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil, que é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro; jornalista batista Nilza Valeria, da Nossa Igreja Brasileira; a assessora parlamentar Bernadete Adriana Alves de Lima (Adrianinha), que faz parte da executiva do Setorial Nacional Inter-religioso do PT; e o pastor batista Sérgio Dusilek, que é doutor e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

A cartilha evangélica produzida pela FPA está disponível aqui.

Assista aos depoimentos:

Sintonia na busca do bem comum

Os relatos dos entrevistados são permeados de citações bíblicas, com análises sobre como Jesus agiu, como o PT atua no cuidado com a vida das pessoas e também seus testemunhos de vida, de conversão e de busca do bem coletivo.

“Não é comparar o PT com a Bíblia, nossa obra não é só pregar o evangelho. O evangelho é o principal para nós. Nós, evangélicos que somos evangélicos e somos petistas, nunca deixamos a nossas igrejas porque nós entendemos que o sal fora da massa não salga. Nós somos luz do mundo e sal da terra”, anunciou Benedita, ao apontar que evangélicos têm muito em comum com as propostas de políticas públicas que os governos do PT implementam.

A deputada afirmou que não é verdade que os evangélicos não votam no PT. Ela disse ainda que a maioria dos evangélicos são evangélicas. “São mulheres e o nosso presidente Lula é um governo que cuida das mulheres, é um governo que tem muito a ver com a nossa prática cotidiana que limpa a igreja, faz quentinha e tem cozinhas solidárias.

Benedita recorda que as igrejas evangélicas cresceram nos governos Lula e Dilma porque aumentou a contribuição pelo dízimo. “Todo mundo empregado, a comida mais barata, então a gente deixou de entregar cesta básica que a gente dava porque tinha o Bolsa Família”, lembrou, ao apontar que muitas famílias evangélicas são beneficiárias do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida e outros programas.

Crescimento e regularização de igrejas

“Como cristão que sou não consigo conceber o mundo sem uma visão de justiça social, de combate à desigualdade, de criação de oportunidades. Não temos como praticar a fé cristã e não olhar para tudo isso”, analisou o ministro Jorge Messias, ao falar da fake news antiga, de que Lula e Dilma fechariam igrejas. Na verdade, não só não fecharam como cresceram e foram regularizadas.

“Quando se fala da lei de liberdade religiosa é sobre a alteração importante no Código Civil que garantiu a essas igrejas a regularização”, explicou Messias, ao falar que a laicidade do Estado, visto por muitos como problema, na verdade, é solução. “Num estado democrático de direito a minha fé não pode sobrepujar a fé de nenhuma outra pessoa e o que garante que a minha fé seja exercida com tranquilidade é exatamente a laicidade do Estado”, apontou.

Diálogo com líderes de pequenas igrejas

O pastor batista Sérgio Dusilek abordou a questão do tema família na política e enfatizou que a esquerda não quer acabar com a família. Ele defende que os políticos de esquerda precisam mostrar que têm família e filhos.

“Isso é fundamental, como também mostrar que há uma preocupação com a família e não com a destruição dela, além de resgatar a ideia de que, quando um governo como o do presidente Lula melhora o salário mínimo, se preocupa em acabar com a fome e melhora a saúde, ele está melhorando a condição de vida da família”, assinalou.

“Lula 1 e 2 foram governos muitos bons para a igrejas. Foi um tempo de prosperidade econômica no país que atingiu positivamente a vida das famílias. Se as famílias estão bem a igreja fica bem. Precisa mostrar essas coisas”, reforçou, ao falar que é preciso conversar com líderes de igrejas médias e pequenas igrejas, que são a grande maioria do país, e disparou contra as grandes igrejas.

“É preciso sair da esfera dos barões da fé, que são os pastores das megachurchs. Na minha concepção ser igreja é ser um modelo orgânico. Quando se tem uma igreja mega, ela deixa de ser orgânica e passa a ser uma máquina, uma corporação religiosa. O movimento evangélico é multifacetado e ninguém tem a procuração para falar em nome dos evangélicos tem que ter muito cuidado com esse tipo de generalização”, apontou.

Pastor e político, mais cristianismo

Ao citar o Sermão da Montanha, “bem aventurados os pobres porque deles é o reino dos céus”, o pastor Oliver diz que Jesus expressa sua preocupação com os que mais precisam. “Eu não entendo alguém que se diz cristão e defende armas. Cristão que defende armas precisa de oração e de conversão. Se você está ao lado do oprimido e não do opressor, eu não vou nem usar o termo da esquerda, você é uma pessoa que inclui, você é uma pessoa cristã”, assinalou, reforçando que armas não combinam com o evangelho.

“Armas matam”, disse, e emendou que quando se perde uma eleição “vai para casa e chora e não tenta fazer um golpe, você está do lado certo da história”.

Oliver afirmou que sente exercendo mais do cristianismo por ser pastor e político ao mesmo tempo e fez uma autocrítica.

“A política faz com que a gente vá conversar com pessoas diferentes, com pessoas que você não gosta, mas esse é um exercício da tolerância que às vezes, no meio evangélico, que é um meio maravilhoso, a gente tem uma bolha e a gente precisa ser mais como Jesus. Jesus sempre estava com pessoas heterodoxas com pessoas que tinham uma vida diferente, até uma sexualidade diferente e, mesmo discordando, Jesus caminhava com essas pessoas. Hoje eu me sinto livre para exercer essa militância da fé”, testemunhou, ao falar que religião e política precisam dialogar de uma maneira que respeite as diferenças e o espaço do outro.

Correntes evangélicas

Para o sociólogo e ex-prefeito de Carapicuíba, Sérgio Ribeiro, da mesma forma que o PT tem suas correntes, entre os evangélicos “tem de tudo”, progressistas e conservadores, a maioria pobres, negros, da periferia. “São pessoas onde o Estado não chega”, apontou, ao dizer que evangélicos têm o direito de fazer política e defender o que acreditam, mas não tem o direito de defender o estado teocrático.

Ribeiro criticou o patrulhamento do dinheiro dos evangélicos. “Outra coisa que incomoda bastante o evangélico e que o petista precisa entender é não ficar contando dinheiro em bolso de crente. O crente trabalha para ter o dinheiro dele”, ensinou.

Sem conflito entre fé e política

A jornalista batista Nilza Valéria se surpreende muito quando as pessoas dizem que há um conflito entre a fé e a posição política. “É uma grande confusão. Eu sou uma pessoa de esquerda considerada progressista pelo que eu acredito, pelo que eu quero para o mundo, mas eu não tenho vergonha de dizer que sou conservadora na minha fé porque isso não é contraditório”, sublinhou.

Os textos bíblicos, segundo Nilza, a conduzem para um caminho de luta por justiça pelos mais vulneráveis. “A Bíblia fala sobre como fazer justiça, é um livro que fala sobre a história de libertação dos homens. Isso me posiciona sempre a favor desse campo que se preocupa com o trabalhador e com o pobre”, apontou.

Alegria de ser pastora e militante

Membra da executiva do Setorial Nacional Inter-religioso do PT,
Adrianinha fala com alegria de sua atuação como pastora dentro da igreja e militante do lado de fora.

“Quando estou lá na igreja e prego a palavra eu sua irmã Adrianinha. Não falo da questão da política dentro do templo, mas terminou o culto eu estou lá fora com meus irmãos e irmãs que me procuram para falar de política eu falo. É importante entender que a Adrianinha que é petista de esquerda é a mesma que prega, que louva, que sobe um monte, que faz jejum, que fala de amor”, destacou, ao falar que PT e a igreja evangélica partilham os mesmos valores.

“O PT é um grande representante da classe trabalhadora e da população. O PT e os evangélicos têm as mesmas necessidades de construir uma sociedade mais justa, com amor, uma sociedade igualitária, sem privilégios para uns em detrimento de outros”, enfatizou.

Lideranças femininas nas igrejas

O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil, chamou atenção para o impacto, nas favelas brasileiras, das lideranças femininas de igrejas evangélicas, de candomblé e umbanda. “São lideranças muito importantes e que tem um impacto muito significativo nas comunidades. O que elas fazem em diferentes níveis é muito ligado à defesa dos direitos”, salientou.

Daniela Frozi, professora e integrante do Consea, deu exemplo de Jesus procurou olhar e escutar a necessidade das pessoas. Ela citou passagem da Bíblia sobre uma mulher com quem Jesus conversou.

“Na época dele não era permitido conversar (com mulheres). Mas ele conversou, pediu água e fez um reconhecimento público daquela mulher. Foi de uma importância enorme na vida dela, a ponto resgatar uma condição de protagonismo da sua própria vida porque ela era usada por outras forças que a manipulavam e a oprimiam. E ela se vê liberta depois desse encontro com Jesus”, disse.

Com informações do PT Org

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