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Bolsonaro muda de discurso e diz que urna eletrônica será confiável porque as Forças Armadas poderão participar do processo eleitoral

Em entrevista divulgada pela revista Veja, o presidente Jair Bolsonaro disse que chegou a conversar com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, sobre o voto impresso. Segundo o ex-capitão, Fux prometeu que iria ajudar a viabilizar a implementação de 5% de voto impresso no Brasil, mas depois recuou.

“Uma vez conversei com o ministro Luiz Fux, presidente do STF, sobre esse assunto. Ele ia implementar 5% do voto impresso no Brasil. 5% do voto impresso, ao lado da urna eletrônica. E depois o Supremo pulou para trás e disse que é inconstitucional, não sei por quê”, revelou.

Questionado por Veja, Bolsonaro disse que confiará na eleição de 2022 sem o voto impresso, que foi derrotado na Câmara, porque o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luis Roberto Barroso, fez “uma portaria deles, lá, do TSE, onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora.”

“Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia”, disse Bolsonaro.

A declaração de Bolsonaro marca ais uma vez uma mudança no comportamento do presidente da República em relação ao discurso que fez em 7 de Setembro, quando atacou diretamente o ministro Barroso por ter feito campanha, via TSE, contra a necessidade do voto impresso.

Bolsonaro chegou a dizer que não iria aceitar o resultado da eleição de 2022 sem a aprovação do voto impresso e contagem pública de votos. Após a repercussão do discurso, o STF e o TSE reagiram com repúdios às declarações antidemocráticas de Bolsonaro. Foi necessária uma consultoria com Michel Temer para apaziguar a crise entre as instituições.

A participação das Forças Armadas no pleito eleitoral sequer é novidade. Desde 2019 o TSE determinou, e fez valer a partir da eleição de 2020, a entrada das Forças Armadas na lista de instituições que podem fiscalizar e auditar as urnas eletrônicas.

O que Barroso fez mais recentemente, em 12 de agosto de 2021 – antes, portanto, dos ataques desferidos em 7 de Setembro por Bolsonaro – foi criar uma “comissão externa com membros da sociedade civil e instituições públicas para fiscalizar e acompanhar de perto o funcionamento do sistema eleitoral”.

Farão parte da comissão professores da área de computação da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além de integrantes das entidades Transparência Eleitoral Brasil, Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) e Open Knowledge Brasil (OKBR). Instituições como Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público Eleitoral (MPE), Congresso Nacional, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Polícia Federal (PF) e Forças Armadas também terão representantes, diz o site do TSE.

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