Trabalhadores de frigoríficos de todo Brasil se manifestaram nesta quinta (24) em frente à Bolsa de Valores em São Paulo para denunciar o descaso de empresas como a JBS com a saúde dos trabalhadores.
Desde março deste ano, a categoria tem lutado para conquistar direitos básicos em meio a pandemia de covid-19, como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e distanciamento social nos locais de trabalho.
“Nós estamos aqui hoje por conta da intransigência dessas empresas, especialmente a JBS, que não atende o movimento sindical e que continua explorando os trabalhadores. A sociedade precisa saber o que acontece dentro dos frigoríficos”. afirma Nelson Morelli, presidente da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (Contac).
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A mobilização fez parte de campanha nacional “A carne mais barata do mercado é a do trabalhador” e foi organizada pela Contac em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) e a União Internacional do Trabalhadores da Alimentação (UITA). Juntas, as três organizações levaram representantes de trabalhadores dos cinco estados para sensibilizar a população sobre a situação dos trabalhadores.
“Além se ser um local central, com grande circulação de pessoas, nós decidimos fazer o ato aqui porque a maior parte dessas empresas, JBS, BRF, são empresas de capital aberto, tem ações na Bolsa de Valores. Então gostaríamos de chamar a atenção dos acionistas para esse problema que o setor enfrenta”, afirma Arthur Camargo Jr, vice-presidente da UITA.
Segundo informe da empresa no começo de agosto, a JBS obteve lucro de R$ 3,38 bilhões durante os últimos três meses. O que representou um aumento de crescimento de 54,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Como é que se explica? No último trimestre ela [JBS] superou o lucro até da Petrobrás. Ela poderia muito bem atender as reivindicações dos trabalhadores”, desabafa Morelli.
Entre as principais demandas dos trabalhadores estão a implementação do distanciamento na linha de produção, a criação de um terceiro turno para inibir o número de trabalhadores em aglomeração e a troca de máscaras proteção diariamente, já que, segundo a categoria, em algumas fábricas os profissionais têm sido orientados a utilizá-las por até 5 dias seguidos.
“Nós trabalhamos em frigorífico, em câmara fria, onde facilita a propagação do vírus, porque a gente trabalha abaixo de 10 graus. As empresas não querem ceder equipamentos, mesmo depois de 6 meses de pandemia. É um absurdo! Esse descaso veio para mostrar a nossa desvalorização”, afirma Daniela Rosa, funcionária da JBS na cidade de Furquilinha, em Santa Catarina.
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