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No vídeo, o senador Contarato, assumidamente gay, confronta o PGR Augusto Aras

Da Redação

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) reagiu assim no twitter:

Em agosto, o indicado à PGR [Augusto Aras] foi um dos signatários de uma carta da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), texto flagrantemente fundamentalista, discriminatório! Eu pergunto: O sr não reconhece a minha família? Eu sou doente?

O PGR justificou que não leu a carta! Esclareci: ser LGBTI não é opção. A pessoa é! Não podemos nos calar diante da intolerância e da perseguição de qualquer forma. Sejamos resistência!

O nome de Augusto Aras foi aprovado pelo Senado em votação secreta com 68 votos a favor, 10 contra, 2 ausências e uma abstenção.

Se levarmos em conta que o senador Fabiano Contarato certamente votou contra, 10 votos contra não representam nem a soma das bancadas do PT + PDT + Contarato (11).

O nome de Aras havia sido aprovado mais cedo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 23 a 3.

Na sabatina, o indicado por Bolsonaro disse que a escolha do filho do presidente da República, deputado federal Eduardo, para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, não configura nepotismo.

Aras criticou o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Operação Lava Jato em Curitiba: “Talvez, se tivesse lá [na Lava Jato] alguma cabeça branca, talvez dissesse para ele, para os colegas, jovens como ele, que nós poderíamos fazer tudo como ele fez, mas com menos holofote, com menos ribalta”.

Na guerra de bastidores entre lavajatismo e bolsonarismo raiz, a votação maciça de Aras sugere que o Centrão se juntou em massa ao PSL para dar uma freada nas investigações — sejam elas ligadas ao Congresso, ao senador Flávio Bolsonaro — e ao laranja/miliciano Fabrício Queiroz — ou ao Supremo Tribunal Federal.

“Com o Supremo, com tudo”, na frase histórica do senador Romero Jucá.

Da CPI da Lava Toga, tão desejada por bolsonaristas e lavajateiros, ninguém mais ouviu falar.

Hoje presidente do MDB, Jucá é colega de partido do líder de Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, que teve seu gabinete alvo de busca e apreensão.

R$ 120 mil em dinheiro foram apreendidos na casa do filho dele, Fernando Coelho Filho (DEM-PE), outro alvo da mesma investigação.

R$ 55 mil, curiosamente, estavam divididos em vários envelopes, cada um com R$ 2,5 mil.

As informações foram devidamente vazadas pelo lavajatismo para estrelar o Jornal Nacional.

Bezerra pai berrou: “Fui vítima de uma operação política, articulada para atingir o Congresso Nacional e o governo do presidente Jair Bolsonaro, do qual tenho a honra de ser líder no Senado Federal”.

Nada como um dia atrás do outro: o PMDB mudou de nome, mas foi só.

Pulou do Lula, pra Dilma, pro Temer, pro Bolsonaro e continua no poder.

Moro fez que não viu a ação contra os Bezerra, a Polícia Federal preparou e o ministro Luís Roberto Barroso autorizou de forma monocrática, contra parecer do Ministério Público Federal — suspeitam os bolsonaristas, sem apresentar provas.

Já os lavajateiros suspeitam que Aras passou folgado para enquadrar Deltan e sua turma.

Com Jucá, com tudo…

O presidente Jair Bolsonaro está interessado em investigar a corrupção dos outros. Por isso, quer o controle da PGR, da Polícia Federal, do Ibama, da Receita Federal, do Coaf…

Há eleições em 2020 e é preciso começar já a produção de dossiês.

Por sua vez, o procurador-geral Augusto Aras assumiu compromissos com a Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) que agora tenta renegar — como defender a prisão em segunda instância (embora isso não esteja previsto na Constituição de 1988) e definir a família como estritamente heterossexual.

Mais que isso, ao assinar a carta Aras aceitou limitação à atuação do Ministério Público, colocada na carta nos seguintes termos: o MP “deve ter sua atuação limitada às funções institucionais atribuídas pelo texto constitucional (Art. 129 da CF/88), rejeitando-se uma laboração personalizada e atentatória aos ideários que compõem os mores maiorum civitatis da nação brasileira”.

Ou seja, limitação moral, sujeita à definição do que juristas evangélicos interpretem como valores da nação. Candomblé no Palácio do Planalto pode?

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