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“O inquérito das fake news não desobriga a esquerda de rever suas estratégias de comunicação e mobilização social”, escreve o jornalista Leonardo Lucena

O crescimento do candidato à Prefeitura de São Paulo (SP) Pablo Marçal (PRTB), chegando a empatar tecnicamente com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), demonstra que a punição de bolsonaristas por fake news ilude boa parte dos eleitores, como se alguns anos fossem tempo suficiente, para entender todos os detalhes de esquemas de notícias falsas, investigação em andamento no Supremo Tribunal Federal.

Lideranças políticas e apoiadores da extrema-direita perceberam que a batalha nas ruas estava cada vez mais difícil, por conta das sucessivas derrotas, em quatro eleições presidenciais consecutivas (2002, 2006, 2010 e 2014), e por causa da alta aprovação de Lula (PT) nos seus dois primeiros mandatos. Em dezembro do seu último ano de governo, ele tinha 87% de popularidade, segundo pesquisa divulgada pelo Ibope em dezembro de 2010.

De acordo com números divulgados pelo Datafolha em agosto do ano passado, Marçal não apareceu nem entre os cinco primeiros colocados – Boulos (32%) e Nunes (24%) ocuparam as duas primeiras colocações. Em terceiro ficou a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) teve 11%, seguida por Kim Kataguiri, do União Brasil-SP (8%), e pelo ex-deputado Vinicius Poit (Novo), com 2%.

Mas a direita viu que a internet seria, e continua sendo, um campo que tem o poder de decidir eleições. Marçal tem 13 milhões de seguidores no Instagram, por exemplo – essa plataforma do candidato está suspensa por decisão judicial após ação do PSB acusando o político de pagamento ilegal de apoiadores para a propagação de cortes de vídeos com o influenciador, que tem, ainda, mais de 340 mil seguidores na rede social Xconta mantida por ele mesmo após a determinação judicial para a suspensão dos perfis. Não é que ele seja um candidato qualificado, os seus números geram alerta para outras candidaturas na capital paulista. pagar seguidores que distribuem cortes de seus vídeos nas redes sociais.

O acesso à internet no Brasil foi de 84% da população com 10 anos ou mais, o que representa 156 milhões de pessoas. Foi o que mostrou a pesquisa TIC Domicílios 2023, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). Pelas estatísticas, divulgadas em novembro do ano passado, os maiores índices de acesso à internet foram os das regiões Sul (88%) e Sudeste (87%).

Políticos, intelectuais e eleitores da esquerda devem acelerar estudos de informação, tecnologias e mobilização político-digital. Diferentemente de materiais gráficos, como revistas e jornais impressos, na internet o conteúdo é infinito. E o inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre fake news não pode ser justificativa para uma esquerda, que, nos meios digitais, continua demonstrando ser passiva em comparação com a extrema-direita bolsonarista.

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