Vamos por partes, para entender como um cabo da Polícia Militar, alguns coronéis da reserva e um reverendo obscuro quase conseguiram emplacar um contrato de mais de R$ 1 bilhão para compra de vacinas – que eles não possuíam.
Peça 1 – os esquemas de Bolsonaro
Desde o início do governo Bolsonaro, mostramos aqui as peças centrais do esquema – com imbricações no exterior – que o bancava.
Os principais parceiros são a indústria de armas, a máfia do jogo de Las Vegas, os evangélicos ligados à ultradireita de Israel.
No dia 1o de janeiro de 2019 mostramos suas ligações com a indústria de armas no artigo “Xadrez da indústria de armas e o financiamento da direita”.
Nela, mostramos o relacionamento dos Bolsonaro com a influente NRA, a Associação Nacional dos Rifles dos Estados Unidos. Desmoralizada nos Estados Unidos, devido a uma campanha de armamento deflagrada dois dias depois de um massacre em escola da Pensilvânia, a NRA mirou os mercados do Brasil e da Austrália, segundo reportagem da Bloomberg.
Um ano antes, em 2017, Jair e Eduardo Bolsonaro foram recebido com todas as regalias pela NRA, conforme reportagem da Bloomberg.
No dia 10 de novembro de 2018, o site da America´s 1st Freedom, da NRA, dizia: “Tiremos o chapéu para Bolsonaro por ver a situação pelo que realmente é”.
“Enquanto estavam lá, eles experimentaram uma AK-47 e outras armas de assalto. Depois, Eduardo, vestindo uma camiseta “F — ISIS”, segurou cartuchos de grande calibre para a câmera e expressou consternação por eles poderem “ter um problema” se tentassem trazer a munição para o Brasil.”
Quando explodiu o escândalo da interferência russa nas eleições norte-americanas, a agente russa Butina, em sua delação, informou que sua missão era encontrar americanos politicamente influentes infiltrando-se em uma “organização de defesa dos direitos das armas”. Justamente, a NRA.
A NRA foi alvo de uma campanha pesada do governador democrata de Nova York, Andrew Cuomo. A revelação das ligações com os russos ajudou a cortar os laços da NRA com a mídia norte-americana. Sem a retaguarda da mídia, e com o aumento das ações judiciais, as seguradoras passaram a ter receio de negociar com a NRA. Segundo reportagem da Bloomberg, a esperança da associação foi direcionar seu foco para o Brasil e Austrália.
O segundo braço era a indústria dos cassinos, de Las Vegas, liderada por um judeu, Sheldon Adelson, fanático pelo sionismo e financiador das campanhas de Donald Trump e do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
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Através de Sheldon e da indústria de armas, Bolsonaro se aproxima de grupos econômicos internacionais, sediados em Israel. Essa aproximação se consolida quando facções de evangélicos voltam a incensar Israel, tentando ressuscitar previsões bíblicas.
Demos mais detalhes em “Xadrez de como os cassinos financiaram a ultradireita e negociam com os Bolsonaro”.
Peça 2 – as bases do golpe
Desde o início do governo sabia-se que uma das bases de apoio de Bolsonaro eram os clubes de caça e tiro. Ficou claro no artigo “Xadrez do momento mais decisivo da história“. Nele, traçamos alguns dos preparativos para o golpe.
1. Entrada descontrolada de armamentos beneficiando dois setores formais e um setor criminoso ligados a Bolsonaro: ruralistas e clubes de tiro e caça, e as milícias propriamente ditas
2. Cooptação das bases das polícias militares. A última iniciativa, do Ministério da Justiça – dirigido por um ministro bolsonarista – é conseguir o e-mail de todos os policiais militares do país para um suposto levantamento das suas condições socio-conservadoras
3. As benesses aos militares, escancarando os cargos na administração civil para militares da ativa e da reserva, ampliando suas verbas e benefícios proporcionados.
4. Fortalecimento das bases evangélicas, com atuação pertinaz do Ministério Damares destruindo políticas de saúde e inclusão para transferir poder a asilos e escolas especiais dominadas pelo neopentecostalismo.
5. Manutenção dos laços de parceria com a ultradireita mundial através do Itamarati. Tirou-se um Ministro das Relações Exteriores trapalhão, mas não se alterou a orientação do Itamarati.
Peça 3 – os personagens dos negócios da vacina
No “Xadrez para entender a história do cabo das vacinas” detalhamos as confusões em torno das denúncias de pedidos de propinas para a venda de vacinas.
Soava algo incompreensível que um cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, alguns coronéis da reserva, um da Força Aérea, outro do Exército.
Nela mostramos que o cabo Dominguetti – que teria oferecido inacreditáveis 600 milhões de doses da Astra Zeneca – se apresentava como representante de uma tal Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), uma organização do Distrito Federal tendo como principais nomes o reverendo Amilton Gomes e Carlos Alberto Rodrigues Tabanez.
O bispo aparece em foto com Flávio Bolsonaro, o representante comercial da família
O cabo Dominguetti conseguiu acesso ao Ministério por representar a Senah. Mas onde estava a fonte de influência da empresa?
Peça 4 – os vínculos da Senah
Acompanhe as imagens.
Aqui, um pedaço do site da Senah
Na home, há o dístico de uma tal National Secretariat for Humanitarian Affairs, aparentemente a cabeça da organização à qual pertence a Senah brasileira. A imagem atrás, do site da organização, foi traduzida pelo Google.
O site americano traz informações relevantes.
O site mostra todos os sinais do bolsonarismo. A começar do “America First!. Acima do dístico da empresa, está o botão da Association of the United States Army, o site do Exército americano.
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